terça-feira, 29 de novembro de 2011

Amar como Jesus amou



Amor humano-cristão
Por Marcos Cassiano Dutra


O grande desafio de viver e saber ser pessoa humana está na capacidade de relacionar-se moral e dignamente com os demais na vida social. Quem não é capaz de reconhecer o outro como irmão, também não é capaz de reconhecer-se como um ser humano. 

O autoconhecimento perpassa profundamente o contato humano-afetivo eu-outro. Como é lamentável ver entre os cristãos pessoas insensíveis humanamente, marcadas pelo paradigma do interesse material e não pelo amor ao próximo, virtude que Cristo exercitou e pediu para que seus discípulos também vivessem, porque sabia da importância desse sentimento humano para uma vida cristã coerente com o Evangelho e integrada com o corpo social. Diz a máxima latina: “Christianus alter Christus” (O cristão é outro Cristo). 

A dimensão do amor cristão é marcadamente humano, visto que Cristo, em sua humanidade, não quis eximir-se de amar e ser amado, por isso fez de sua vida e missão salvífica uma ação amorosa de Deus na história do homem. Amar como Jesus amou é, sem sombra de dúvidas, ser pessoa humana em sua mais sublime essência transcendente, que se reflete de maneira sadia na transparência do trato cordial com o próximo.

Vivendo e entendendo o Tempo do Advento

Advento
Por Prof. André Luiz – Passos/MG.  
Do latim Adventus: “chegada”, do verbo Advenire: “chegar a”. Você pode estar se perguntando: O que virá? O que vai chegar? O que esperar? Um tempo marcado pela esperança, a vinda do menino Deus, uma preparação para o santo Natal. Além do caráter litúrgico, vivenciado pela Igreja Católica, o advento é um tempo que nos ensina a ter esperança; revela que o homem é um ser confiante, que acredita que dias melhores virão, onde a humanidade será uma só família a cantar um único cântico. 

O advento nos prepara, durante quatro semanas, para a memória da vinda do Messias. Natal é mais que presentes, enfeites, luzes ou cânticos; o Natal marca o nascimento de Jesus, não necessariamente Jesus nasceu em um 25 de Dezembro, a Igreja definiu este dia (no calendário gregoriano) pois no hemisfério norte acontece o chamado solstício de inverno, um fenômeno que marca o início de uma nova estação, fazendo com que o dia dure mais. Com isso a Igreja em sua sabedoria, adotou este dia fazendo um comparativo de Cristo como o Sol resplandecente que ilumina a humanidade; Aquele que ilumina as trevas da ignorância com as luzes da sabedoria suprema. 

O advento é um convite a revisão de vida; é tempo de pararmos e refletir sobre o ano que tivemos e sobre o novo ano que queremos ter. É pesar na balança da consciência, os gestos bons e maus que praticamos; na confiança de que o lado da bondade penderá anunciando: “Gloria in excelsis Deo et in terra pax hominibus bonae voluntatis”.
                                                               

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Tempo do Advento

Celebrando o Advento
Por Marcos Cassiano Dutra

Com o início do Advento a Igreja começa um novo ano litúrgico na alegre expectativa D’aquele que vem, o Emanuel. São ao todo quatro semanas que antecedem a Solenidade do Nascimento de Cristo, as quais introduzem os fiéis na espiritualidade litúrgica do Natal. A cada domingo do Advento uma vela é acesa na coroa e a luz vai tornado-se mais forte, simbolizando o clarão que é Jesus Menino.
            
Os personagens bíblicos deste tempo favorável colaboram na mensagem de esperança, quando exortam seus ouvintes a vigilância, isto é, a perseverança na fé como virtude escatológica de toda a História da Salvação. Isaías, João Batista e a Virgem Maria de Nazaré são, por excelência, os interlocutores do mistério da Encarnação. Seus gestos, palavras e ações configuram três atitudes importantes para o cristão: confiança, profetismo e generosidade diante do projeto de Deus que envia seu Filho, o nosso Salvador.
            
Celebrar liturgicamente o Advento é contemplar a ação salvadora de Deus na história de seu povo. Também hoje, tempos depois do grande acontecimento de Belém, o Pai continua atuando de forma inefável na realidade, manifestando sinais de sua presença que salva por meio do Filho que vem na plenitude dos tempos. Cabe, portanto, aos que ouvem a Palavra Sagrada, interpretar estes acenos e permanecerem fiéis na caridade, a qual permanece, santifica e transforma o meio em que se vive, tornando-o mais digno, ou seja, evangélico. Desta forma se concretiza o apelo profético de João Batista - "Preparai o caminho do Senhor!"
           
 Em suma, que o Tempo do Advento seja de fato um período de preparação, exame de consciência e atitude solidária. Na liturgia do cotidiano, exercitemos a mesma teofânia da liturgia do Altar, que nos prepara para o Natal, porque fé e vida caminham juntas e unidas conduzem-nos a Deus Pai, por Jesus Cristo no Espírito Santo.
           
  Frutuoso Advento!

Importância do Sacramento da Ordem

Em defesa do sacerdócio
Por Marcos Cassiano Dutra

Somente quem vive de forma generosa a vocação sacerdotal é capaz de entender a importância da castidade presbiteral que é o celibato. De nada vale querer ser padre se não for para consumir toda a vida em prol do povo de Deus. O bom padre é aquele homem pastoral, zeloso em suas atividades ministeriais, amoroso e paternal no trato com os fiéis e exemplo virtuoso de santidade. Sacerdócio é sinônimo de santidade, quem ainda não compreendeu tal relação sacramental, não está apto ao Sacramento da Ordem.
            
O grande inimigo de um sacerdote é o seu próprio egoísmo. Um padre egoísta é a mais lamentável consequência de uma motivação vocacional imatura e não-cristã. Bem-aventurado o sacerdote humilde, esse sim age “in persona Christi”. É certo que alguns sacerdotes mancharam e mancham a imagem da Igreja com suas atitudes não-sacerdotais. Benditas as vidas presbiterais de boa índole, são como pérolas preciosas que adornam o altar de Cristo.
            
A grande amiga dos sacerdotes é a Bem-aventurada Virgem Maria. Cada padre ao menos deveria consagrar à Imaculada o seu ministério ordenado. Maria é também a mãe dos sacerdotes, sua maternal intercessão é auxílio nas horas de dificuldades que a vida presbiteral apresenta como momentos oportunos para exame de consciência.
            
Qual é a esperança sacerdotal? É a confiança na Divina Providência. Qual é a alegria sacerdotal? É fazer da própria vida um instrumento da graça de Deus, por meio da assistência dos sacramentos aos fiéis. Qual é o amor da vida sacerdotal? É o amor incondicional a Jesus Cristo, nosso Senhor e Redentor.
           
O sacerdócio ministerial católico é um dom e um tesouro na vida da Igreja. A oração dos fiéis cristãos pela santificação do clero vem a ser a forma mais sublime e humana de agradecer a Deus a vida e a vocação dos padres.
            
Que o Bom Pastor não se canse de continuar chamando e capacitando aqueles que ele escolheu para serem seus sacerdotes em sua amada esposa, a Igreja. Obrigado Senhor pelos padres de ontem, de hoje e de amanhã. Amém.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Senso crítico cristão IV

Caminhos de existência
O caminho neopentecostal
Por J. B. Libanio, SJ

O caminho dos neopentecostais assemelha-se ao dos carismáticos católicos só aparentemente. Há profunda distância.
           
 A experiência de converção marca-lhe o início, não no sentido da tradição católica de mudança radical de vida do pecado para a graça, de vida longe de Deus para comunhão com ele. Não, aqui significa adotar a conduta, o comportamento, as práticas religiosas da Igreja neopentecostal em contraste com outras práticas até então vividas. E, em muitos casos, perdem-se valores fundamentais como a eucaristia, a fé na pessoa histórica de Jesus, para professar algumas verdades isoladas e atitudes fanáticas, com observâncias ritualistas ou moralistas.
           
O forte desse caminho está no jogo mercantilista de pagar polpudo dízimo a fim de obter a bênção de Deus em bens materiais. A converção acontece por insistência proselitista de algum pastor ou membro da família. Aproveita-se a situação de fragilidade das pessoas, como doença, perda de algum familiar, para propor-lhes a mudança de Igreja e de religião.
           
Que fascínio esse caminho oferece, a ponto de tantos o seguirem? Num mundo marcado por anomia moral, os evangélicos insistem na moralidade externa de não beber e não freqüentar festas mundanas. Reerguem a muitos que se entregavam a vida devassa e a bebedeira. Prometem a bênção de Deus para tal vida nova. Esta se concretiza em bens materiais. Estabece-se verdadeira relação comercial entre o fiel e Deus. E a maneira de conquistar as graças de Deus passa pela converção e pela fidelidade no pagamento do dízimo.
           
Esse caminho produz em alguns a recuperação do senso de dignidade de uma vida inútil e agora acolhida pela Igreja na pessoa do pastor. Tiveram ocasião de falar e narrar a própria vida e isso os reabilita.

Fonte: Semanário Litúrgico-Catequético O Domingo, Paulus Editora, Novembro de 2011.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Santos e santas de Deus, nossos amigos do céu!

Gostar de santos
Por Pe. Zezinho

Digo com a maior clareza. Eu oro aos santos. Louvo-os por terem sido quem foram e serem quem são. Peço que orem comigo ao Pai em nome de Jesus e a Jesus porque eles estão com Jesus. Confio na oração deles mais do que na oração dos pregadores aqui da Terra. Já estão salvos e os daqui ainda não. Além disso, lá no céu se sabe mais do que aqui sobre o Céu e a Terra.

Sei que os eleitos de Deus, que chegaram ao Céu, não fazem milagres por conta própria. Sei que invocam o nome de Jesus tanto quanto os que operam milagres e curas neste mundo. Sei, porém, que os santos do céu podem mais do que os santos da Terra.
Gosto de ouvir falar de suas ideias, seus gestos e suas vidas. Para mim, são heróis da fé. Agradeço a Deus por eles terem existido, por sua fé serena e heroica e agradeço-lhes por terem vivido como viveram.. Falo com os santos. Tenho certeza de que eles me ouvem. Nunca pedi a nenhum que me aparecesse. Sei apenas que oram e se importam comigo, assim como Deus se importa comigo.

No céu, um dia, vou conhecer Francisco de Assis, o fundador dos franciscanos; Tomás de Aquino; Leão Dehon, o fundador de minha congregação; Inácio de Loyola, fundador dos jesuítas; João Bosco, fundador dos salesianos; Tiago Alberione, que fundou o instituto das Irmãs Paulinas e dos Padres Paulinos, com quem trabalho; e centenas de outros santos que fizeram o reino de Deus acontecer aqui na Terra. Encontrarei também Gandhi, Luther King e outros cristãos e religiosos não católicos os quais admiro.

Creio nos santos de minha Igreja e nos santos de outras religiões. Nunca achei que Deus só está com os santos da minha fé. No que me baseio? Em Jesus, que disse ao ladrão arrependido que ele estaria no paraíso, e no Evangelho de Mateus, quando ensina que no céu estão todos os que praticaram o bem e ajudaram o próximo.

Sei de muita gente que está no céu, mas não ouso afirmar que alguém está no inferno. A Igreja canonizou muitos santos, no entanto nunca disse que fulano ou sicrano estão no inferno. Deus é justo, mas também é misericordioso. O que houve na hora decisiva só Deus e aquela pessoa sabem. Mas como o Evangelho não mente, então tenho certeza de que muita gente entrou no céu. Quem amou e fez o bem seguramente está lá, ao lado de Jesus, louvando o Pai e orando por nós. Em resumo: sou católico e gosto de santo! Amém.

Padre Zezinho, SCJ é escritor, cantor e compositor musical

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Conversando sobre a vida

Das coisas da vida
Por Marcos Cassiano Dutra

Alguns afirmam que a vida é uma constante busca pela felicidade, outros consideram viver uma angústia, que só se finda na hora crucial do natural: a morte. Envolto por tais máximas está o homem, ciente de que ele é o próprio protagonista de sua história. Mesmo com o auxílio do transcendente, é de responsabilidade do ser humano o curso da realidade temporal, afinal a liberdade está em construir os projetos que a consciência humana almeja nas escolhas por ela feita em livre arbítrio.
           
Tudo é fruto das escolhas que se faz. Isso questiona o homem, por que ele sabe bem que cada escolha é a renúncia de outras. O ser humano apega-se facilmente ao material, acomoda-se, cria seu mundinho, e de dentro dele é difícil sair. Requer coragem e coragem é sinônimo de incompreensão. Ser incompreendido é delicado, visto que a tendência é o reconhecimento, o status social, mesmo ao preço de anular o próprio caráter (identidade) em vista dos modismos efêmeros da multidão ansiosa de fama.
           
Amar é utopia, o interesse material conta mais, muito mais que a realização do homem como um todo (soma humana). Descobrir a verdadeira jóia da vida nem sempre acontece de maneira assertiva. As influências de terceiros podem atrapalhar o processo de descobrimento. Bijuterias supérfluas, por vezes se fazem passar como sendo a jóia verdadeira, porém com o tempo elas se desfazem e enferrujam, pois não são ouro nem prata e sim meras alegorias e fetiches que perdem o encanto. Bela é a definição do Jesus de Nazaré dos evangelhos: “Onde está o teu tesouro, lá está teu coração”.
           
Porque falar de todas essas coisas da vida? A inspiração é a célebre culpada. Não é fruto do ocaso, mas da reflexão, da consciência humana, entrelaçada com a existência. Do âmago ela abre o baú dos desejos e os expressam na escrita de quem a faz, na voz do poeta perdido em suas paixões literárias ou do profeta que alerta a humanidade distorcida pelas vitrines da sociedade de consumo.
           
Das coisas da vida não se tem certezas, se tem indagações - Quem sou eu? De onde vim? Para onde vou? Cabe ao humano viver. É vivendo que se responde paulatinamente cada pergunta ou ao menos se tenta fazê-lo. Comparando a vida com a arte, ela é um grande espetáculo do qual somos os artistas. As vezes é comédia, outras tragédia, mesmo assim somos seus dramaturgos por excelência, ou seja, de riso em riso, de lágrima em lágrima, vamos aproveitando essa oportunidade única de sermos seres vivos e racionais. Ser pessoa também é autoconhecimento.
           
O cosmo, o universo, isto é, a criação divina, toca-nos em seu mistério de vida e dele nos faz participantes. É sábio o provérbio que diz: “Viva cada dia como se fosse o último”. Viva e não tenha medo de viver. Sinta a vida tudo quanto ela é: desejo e sacrifício, dor e cura, amor e desamor, ofensa e perdão, corpo e alma, humano e divino... Não pergunte porque, mas para que estou vivo?  

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Missão e ciência em diálogo

Mundo, Igreja e missão
Por Marcos Cassiano Dutra


A missão, dentro do contexto religioso cristão, é também um aspecto antropológico por que caracteriza o penetrar do Evangelho nas diferentes culturas humanas. Na medida em que os valores evangélicos se inculturam em determinada realidade sócio-cultural isso requer, por parte dos missionários e da Igreja que os envia, um sério estudo acerca de determinada manifestação do fenômeno humano (antropos), a fim de trabalhá-la assertivamente na promoção dos elementos humano-cristãos como a paz, a caridade, a justiça, o amor.

Ser missionário e Igreja missionária é fazer acontecer a missão. Uma atitude cristã que requer a utilização das várias ciências do homem como instrumentais e parceiros na ação missionária do discipulado cristão. Tais ciências, em especial a antropologia, ajudam a Igreja a compreender melhor o homem temporal e apresentar de forma eloqüente a ele a fé em Cristo, sem romper com os laços culturais que o envolvem em sua identidade humana local.
           
Nesta relação dialogal entre missão e ciência antropológica ambas saem ganhando. A contribuição científica no campo missionário ajuda a pessoa religiosa a ampliar sua visão sobre o ser humano, sem reduzi-lo a mero expectador da Revelação e sim destinatário privilegiado desse processo fideístico. Da mesma forma a missão contribui com a área científica da antropologia, no sentido de que proporciona a essa ciência uma hermenêutica sempre atual sobre o caráter religioso que envolve o humano. Se a missão for entendida dentro desses princípios dialogais, então a nova evangelização tornar-se-á mais fecunda e contemporânea da humanidade, colaborando no desenvolvimento de uma sociedade mundial mais saudável e integrada dentro de uma perspectiva soteriológica da salvação integral do gênero humano em todas as dimensões de seu existir corpóreo e transcendente.