quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Conversando sobre música

A música na vida e a vida na música
Por Marcos Cassiano Dutra


Sabe-se que a musicalidade é um talento que faz parte da ação humana, por isso mesmo é gênero artístico, que bem expressa os sentimentos combinando poesia, palavras e acordes nas mais distintas melodias. Várias canções retratam a temática da vida, alguns curiosamente entoam – “deixa a vida me levar, vida leva eu”, soa um tanto quanto engaçado a quem ouve, mas por detrás do “deixa a vida me levar”, se esconde anseios pessoais de outros tantos que fazem dessa música um sucesso, porque se identificam com o seu conteúdo melódico. Portanto a música influência a vida humana, pois transmite mensagem, idéias, sonhos, desejos...
           
Bela é a música Rostos marcados, de autoria do cantor Pe. André Luna, SCJ. Ela diz: “a vida é mistério profundo, é flor sedenta de abrir-se. Do germe que cresce, ao botão que se abre e padece. A vida tem sede de viver”. Trecho pequeno, porém muito bem composto. A vida que é mistério, que floresce e fenece, a vida sedenta de vida. São por assim dizer sinônimos do sentimento existencial do homem que se questiona sobre o que é viver bem?  O que é a vida? E procura responder suas indagações olhando musicalmente para o transcendente, para a biologia e para a psicologia do ser. A música também é fonte de sabedoria, palavra hebraica que significa saborear a vida.
           
Equivoca-se no raciocínio quem acredita ser a música algo aparte do cotidiano. Se a música é expressão cultural de um povo, então ela retrata o dia a dia de uma determinada sociedade, logo a música também faz parte da história da humanidade e não somente é um produto da indústria cultural, que a reduz como mera fabricante de capital para o competitivo mercado musical.
           
O ser humano canta suas alegrias e tristezas, vitórias e derrotas, sua vida e morte. A música é um instrumental fabuloso da consciência do homem. De suas idéias, sejam elas religiosas, sociais e políticas. Quem canta faz conhecimento, forma e informa, ou seja, ensina. A música também é escola.

Quando hoje os reducionismos musicais defendem uma idéia contraditória e deturpada sobre o gênero musical, em nome de produções que beiram ao fracasso artístico de quem não faz poesia com melodia, mas “palavrões” disfarçados com acordes e rimas, é interessante questionar-se – até que ponto se pode chamar esse fenômeno de música? Qual a mensagem de tais músicas acerca da vida humana? A vida está sendo cantada ou desvalorizada? Que se entende por boa música?