terça-feira, 30 de outubro de 2012

Celebrando o Ano da Fé


A força da Fé
Prof. André Luiz Oliveira
Seminarista Redentorista 
   
“Alcança-se mais pela Fé, do que pela prática”.

            Podemos pensar nas palavras de Jesus que outrora disse a seus discípulos e hoje fala a nós: “Os apóstolos disseram ao Senhor: ‘Aumenta nossa fé!’ Ele respondeu: ‘Se tivésseis uma fé do tamanho de uma semente de mostarda, poderíeis dizer àquela amoreira: arranca-te e vai plantar-te no mar e ela vos obedeceria’”. Refletir essa passagem é pensar a respeito do que desejava Jesus que seus discípulos compreendessem, e o que Ele espera de nós hoje.  
            Já de início nos deparamos com um desejo expresso dos apóstolos: “Aumenta nossa fé!”. Aqueles que seguem Jesus sentem um desejo sincero de crer mais, para viver seu apostolado com intensidade. Eles sabiam que para compreender a missão de Jesus era preciso ter Fé, e não uma fé fraca e irracional, e sim concreta e operante.  
            Vendo Jesus o desejo daqueles que o seguia Ele reage respondendo que se eles possuíssem fé do tamanho de um simples grão de mostarda eles seriam capaz de grandes feitos prodigiosos. O grão de mostarda era o menor grão conhecido naquele tempo, algo bem familiar a cultura dos apóstolos, por isso o exemplo. Talvez Jesus pudesse dizer hoje: “Se tiveres fé do tamanho de um átomo, diria a Torre Eiffel: transporta-te de Paris para São Paulo e ela iria”. Os tempos mudam, mas a proposta de Jesus continua a mesma.   
Jesus ainda fala da obediência da amoreira, a fé é uma das responsáveis pela obediência, é por meio dela que o homem consegue se curvar na vontade do outro ou até mesmo diante da santa vontade de Deus.
Com essa narrativa o Mestre deseja mostrar o potencial da Fé. O dom transcendental, capaz de romper barreiras físicas e transportar-nos para lugares impensados. A Fé possui uma força impensável, só quem a tem compreende a grandeza de se ter Fé. Ela rompe barreiras e obstáculos, move montanhas e os corações dos homens. Pela Prática realizamos muitos feitos, mas, pela Fé realizamos a vontade de Deus.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

São Geraldo, Ora pro nobis


São Geraldo e o Ano da Fé
Professor André Luiz Oliveira – Sorocaba/SP
Seminarista Redentorista

“A Fé experimentada pelo Ir. Geraldo, no passado, é hoje algo que ainda nos inspira”.

Ao iniciarmos o mês de Outubro, nosso espírito se enche de alegria pelos festejos de São Geraldo Majella, o santo italiano que conquistou os corações do povo de Sorocaba/SP, e pela solene abertura do Ano da Fé (2012-2013), que comemora os 50 anos do início do Concílio Ecumênico Vaticano II. Podemos pensar, que paralelo pode haver entre São Geraldo e o Ano da Fé? É simples e eu vos respondo; Geraldo Majella foi um homem de Fé, em sua singela e breve vida ele foi capaz de experimentar as maravilhas de Deus através de sua Fé.
Foi por meio da Fé que o Ir. Geraldo realizou inúmeros feitos e milagres, sua experiência pessoal com Deus através da Eucaristia e de sua devoção a Santíssima Virgem, o levaram a uma espiritualidade profunda. Ele não possuía uma Fé cega, irracional ou que não o levava a reflexão, sua Fé era concreta; ele foi capaz de assimilar as páginas da Sagrada Escritura, em Tiago 2,14-18 e concretizar a Fé em Obras, e obras que perpetuaram para gerar Fé e Vida.   
Sabemos que São Geraldo era um homem de Fé, a partir de inúmeras narrativas de seus biógrafos, por cartas e pessoas que conviveram com ele e também pelos hagiógrafos que narraram suas proezas. Sua frase magna deixa clara qual a relação entre Geraldo e a Fé: “É preciso Fé para amar a Deus; quem tem falta de Fé, tem falta de Deus. Já resolvi viver e morrer empolgando de santa Fé. Para mim a Fé é Vida e a Vida é Fé”. São Geraldo antecipou em seu tempo a experiência do Ano da Fé, ele viveu a Fé com intensidade.
Se o Ano da Fé não inquietar-nos ele não será um ano de Fé, será só mais um ano na Igreja. Ele deve nos motivar assim como a Fé motivava Geraldo Majella. Que a memória do Concílio Vaticano II, nos motive a conhecer mais os documentos e os ensinamentos da Igreja, pois só se ama aquilo que se conhece. São Geraldo amou a Deus, pois ele o conhecia intimamente, e sabia que “fé é vida e vida é fé”.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Creio na Igreja Católica, creio com esperança!


Ano da Fé
Vaticano II – Um desafio de esperança cristã
Por Marcos Cassiano Dutra



Como celebrar o Ano da Fé numa época em que a religião é algo socialmente relativo? Como resgatar as palavras-chaves essenciais e fundamentais do Vaticano II, 50 anos depois? Essas duas indagações são pertinentes no contexto celebrativo atual.
           
Há cinqüenta anos atrás a Igreja realizava esperançosa o Concílio Ecumênico Vaticano II em meio a desafios eclesiásticos internos por parte da cúria romana, que tentou prejudicar os trabalhos conciliares apostando na influência hierárquica vaticana, pois o medo era o "aggiornamento" (atualização) eclesial no diálogo com o mundo.
            
O Vaticano II, assim afirmam os estudiosos, foi uma tentativa de renovação pastoral da Igreja, acolhida e entendida por alguns e criticada por outros. As décadas de 1960 e 1970 deram impulso profético aos elementos fundantes dos dezesseis documentos do concílio, porém a década de 1980, já no pontificado de João Paulo II, paulatinamente foi anulando e mesmo ignorando a importância teológico-pastoral do Vaticano II. Os conservadores da cúria romana intervirão e com o aval papal aplicaram suas afirmações de advertência aos bispos, sacerdotes e teólogos que se empenhavam na consolidação das conclusões conciliares. Uma verdadeira perseguição institucional e policiamento ideológico.
            
O Sínodo extraordinário de 1985, por ocasião dos 20 anos de conclusão do concílio, se propôs a dar uma “interpretação correta” do Vaticano II em resposta as ditas “falsas interpretações”. Nessa nova interpretação sinodal, que se tornaria oficial, condenou-se a expressão “povo de Deus” (presente na Lumen Gentium) como definição eclesiológica, considerando tão somente o caráter mistagógico da Igreja de Cristo, Una, Santa, Católica e Apostólica.  
            
As janelas e portas abertas por João XXIII, e mantidas por Paulo VI, foram praticamente fechadas e, arrisco dizer, trancadas a sete chaves, retornando assim à antiga disciplina, feito disso é o atual Código de Direito Canônico, o qual mesmo com uma linguagem nova, mantém toda a estrutura eclesiástica do código de 1917. Certamente esse é o cadeado que atualmente lacra as portas e janelas da Igreja para todas as mudanças que se poderiam inspirar a partir do Vaticano II, tornando esse concílio inoperante na história, por que na prática hodierna somente se cita o Vaticano II na fala oficial e institucional, mas não o pratica-se.  
            
Hierarcalismo e clericalismo, duas realidade presentes que são fruto das reações contrárias ao Vaticano II por parte dos que acusam o cinqüentenário concílio de colaborar diretamente na revolução cultural do Ocidente a partir de 1968, como se o concílio fosse o responsável por todas as problemáticas ideológicas da humanidade; o que é um equívoco tendencioso e sensacionalista dos que assim querem legitimar uma Igreja aristocrática e a-histórica, quando o Vaticano II vem nos exortar a uma Igreja que é hierarquia de comunhão e agir missionário no mundo, solidarizando-se dialeticamente com a família humana universal e não a demonizando.
            
Fica o questionamento que não deve se calar – Ano da Fé porque e para quê? Simplesmente para redecorar o Símbolo Apostólico e recordar o jubilar concílio como um mero fato passado que marcou a Igreja do Século XX? Ano da Fé sim! Ano Santo como tempo favorável ao exame de consciência de todos os cristãos, especialmente dos membros da hierarquia. Tempo de conversão para uma mudança de mentalidade pré-concebida em face das propostas conciliares. Reler e rezar o Símbolo Apostólico, não como mera repetição ritualista e sim como convicção fideística introdutória no estudo dos documentos do Vaticano II, uma orante iniciativa de resgatar a mesma motivação que o tornou grande pela sua abrangência, consistência, pertinência (providência) e coerência. 
            
Ano da Fé para não perder a fé de que ainda é possível concretizar as utopias do Vaticano II, mesmo que a passos lentos e enfrentando os preconceitos eclesiásticos de quem por hora não vê a Igreja com olhar de Jesus Cristo, o Bom Pastor.
            
Bento XVI é sábio ao proclamar o Ano da Fé, deve o ser também ao propor aos fiéis cristãos um revisitar o concílio, a fim de fortalecer a vivência pastoral cristã e fomentar o ecumenismo e diálogo inter-religioso em uma época que anseia por respostas religiosas capazes de ajudar a humanidade. O Vaticano II vem a ser um dessas respostas, ao apontar caminhos assertivos para cristãos e não cristãos. Lamentável quem ainda não compreendeu o seu apelo profético, mesmo já passados 50 anos de sua abertura solene.