Fetichismo religioso
O
comércio da fé
Por Marcos Cassiano Dutra
Cada vez mais se
torna comum ouvir discursos religiosos dentro das religiões, em especial o
Cristianismo, mais precisamente no Catolicismo. É vergonhoso reconhecer o
despreparo intelectual e o desprezo teológico de sacerdotes que pregam não a
teologia católica e sim o pentecostalismo e a dita “teologia” da prosperidade.
Óleo, sal, sabonetes e até mesmo lista de dívidas nas finanças utilizadas
como meio ridículo para atrair fiéis as “missas de cura e libertação”. As simpatias
da fé são variadas e as promessas de sucesso nos milagres instantâneos também. De
igrejas, as paróquias tornam-se um mercado onde acontece o pior dos comércios –
o comércio da fé.
O fetichismo religioso migrou das igrejas evangélicas para o interior da
Igreja Católica no Brasil, por meio da “espiritualidade carismática” de
movimentos eclesiais cuja índole teológica é dúbia, duvidosa e cismática em
muitos casos, com o advento das novas comunidades de vida consagrada, que por
natureza são um fenômeno de vida ambígua, por não se sabe se são leigos ou
clérigos, religiosos ou fiéis, católicos ou pentecostais...
Tudo isso é o efeito nocivo de uma causa elementar – a inoperância do
episcopado frente a esses tipos de fenômenos religiosos. A omissão
eclesiástica, que de certa forma parece compactuar e dar estatuto a essas
iniciativas, ao longo de décadas atrás e no presente, tornou-se longo prazo o
fator determinante para o surgimento desse equívoco na pastoral da Igreja
brasileira junto ao povo de Deus.
O que virá depois do fetichismo religioso? Todo fenômeno é epocal por sua
própria natureza efêmera. Todavia deixam na história suas conseqüências. Que frutos
o comércio da fé deixará para o amanhã dos católicos?
Estudiosos da sociologia e da história, afirmam que a humanidade está não
tanto em uma época de mudanças, mas numa mudança de época. A religião, como expressão
cultural e social, também sofre tal influência. Qual será o futuro do
Catolicismo?
Outrora se vendiam indulgências, hoje se vendem
milagres...
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