Solenidade de Maria Mãe de Deus
Por Marcos Cassiano Dutra
O calendário litúrgico da Igreja faz celebrar-se solenemente nesse fim de semana a Solenidade de Maria Mãe de Deus. O ano civil se inicia sob o auspício daquela que é a santa serva do Senhor e intercessora de toda a cristandade, o povo de Deus – Nossa Senhora. Para tal ocasião solene, utiliza-se a cor branca nos paramentos, que ressalta estética e visualmente o caráter festivo desta celebração cristã no culto divino dominical.
O título honroso dado a Virgem Maria como “Mater Domine”, isto é, Mãe do Senhor, é uma das verdades de fé católica que chamamos de dogma, visto que sua dogmática aponta para algo maior que é o mistério de Deus encarnado na história da humanidade em Jesus Cristo. Da mesma forma como Maria é filha de seu Filho, é Mãe de Deus também porque Cristo é o próprio Senhor, é Filho de Deus e Deus igual ao Pai, sem confusão, divisão ou separação de sua insondável divindade. Por isso Maria é invocada e venerada na piedade cristã e reconhecida pela teologia cristã como Mãe de Deus, dado que em Jesus há uma só pessoa: a pessoa divina. A natureza humana é “assumida” pela natureza divina, por quanto que toda a obra de Jesus é a obra do próprio Deus conosco, Trindade Santa.
A maternidade divina de Maria fora defendida e proclamada ao mundo cristão no ano de 431, durante o Concílio de Éfeso, o terceiro ecumênico na história da Igreja. Nessa época havia uma heresia sendo difundida, que afirmava Maria como não sendo a Mãe de Deus. Esse erro teológico grave fora propagado por um Patriarca de Constantinopla chamado Nestório, daí o nome nestorianismo para sua heresia, a qual separava e confundia a natureza de Cristo em Jesus-Deus e Jesus - homem, como se fossem duas pessoas distintas e totalmente opostas, ao contrário do que Ele realmente é: uma só pessoa, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, que viveu em tudo a condição humana, menos o pecado.
O Papa da época São Celestino I, em Sínodo realizado um ano antes do Concílio, em 430, condenou a heresia e convidou Nestório a retratar-se filialmente e voltar a comunhão com a Igreja de Cristo, porém ele a rejeitou. Então se convocou o Concílio de Éfeso, que foi aberto no domingo de Pentecostes de 431. Esse sagrado concílio reunido definiu: Maria é a Mãe de Deus.
A defesa dessa verdade de fé se de a São Cirilo de Alexandria, que representou o Papa na reunião com os Bispos. Ao virtuoso Papa São Celestino, se atribui a segunda parte da oração da Ave-Maria, ou seja: “Santa Maria Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte!”
Quando em todos os anos celebramos a Solenidade de Maria Mãe de Deus, também fazemos recordação de um capítulo da magnífica História de nossa Igreja Católica Apostólica Romana. Rezamos com todos os cristãos, espalhados pelo mundo, ao alvorecer de mais um novo ano: “Rogai por nós Santa Mãe de Deus, para que sejamos dignos das promessas de Cristo. Amém.”