terça-feira, 26 de março de 2013

O alcance da mente humana


A importância da saúde mental

Por Marcos Cassiano Dutra


A mente humana é objeto de estudo não só da filosofia e da própria ciência, mas também da psicologia e psiquiatria. Segundo o Dicionário da Língua Portuguesa, a mente é o estado da consciência ou subconsciência que possibilita a expressão da natureza humana. Na mente se encontram tudo aquilo que somos enquanto seres humanos - Ela é a responsável pela cognição, comportamento, interpretação, desejos, temperamento, imaginação, linguagem, sentidos, além das faculdades racionais como o pensamento, a memória, a intuição, inteligência, arquétipos, sonhos, sentimentos, ego e superego. Tudo isso somados na aritmética da existência, resultam na personalidade específica de cada homem e mulher na vida social e pessoal.


De fato a mentalidade é a grande protagonista de uma vida saudável. Por isso nossa época discursa e discute tanto sobre a saúde mental, haja vista o desafio atual da depressão, da bipolaridade, do estresse, isto é, do ritmo cotidiano da vida moderna no qual o consumismo material e virtual bombardeiam de informações o intelecto humano sem a mínima noção da influência ideológica do que é “informado” no comportamento mental das pessoas.


A busca constante por especialistas na área da psicologia clínica e outras áreas afins é o efeito visível da causa primeira chamada alienação. Alienação é a perturbação mental, na qual se registra uma anulação da personalidade individual, ou seja, alienação refere-se à diminuição da capacidade dos indivíduos em pensar e agir por si próprios. Alheio a sua realidade humana, o homem se desumaniza e tornar-se mero fantoche da ideologia de consumo. Essa desordem mental é o grave problema de saúde contemporâneo a afetar crianças, jovens e adultos, sendo o suicídio o fenômeno, o fato patológico, que indica o resultado mortífero da alienação, quando não encarada e tratada devidamente.


Pertinente é a frase do célebre cientista Albert Einstein - “A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original.” Mentes atrofiadas pela alienação perdem a oportunidade de contribuírem para com o progresso da humanidade e aumentam os índices da manipulação ideológica arquitetadas pelos que detêm nas mãos os instrumentos áudios-visuais e digitais para tal fim. Expandir o cérebro com nova idéias, ou seja, com o conhecimento, é bom para a saúde mental e social, afinal a vida em sociedade é o reflexo do raciocínio humano, capaz de estabelecer relações comunitárias.


Carl Jung, um dos clássicos da psicologia, afirma: “Os sonhos são as manifestações não falsificadas da atividade criativa inconsciente.” Por tudo isso, vale à pena estudar a mente humana e sonhar (no bom sentido do termo) com um mundo no qual homens e mulheres, em saudável uso de suas capacidades cerebrais, juntos edifiquem uma realidade libertada das ideologias alienadoras as quais ainda insistem em existir.   

Teologia, moral católica e a realidade da vida cristã



A realidade moral e a demagogia moral
Por Marcos Cassiano Dutra

Existe uma lacuna entre o que pregam os Sagrados Pastores e o que vive o Rebanho do Senhor. Não se trata aqui a respeito de matéria dogmática das verdades de fé e sim da vivência prática da moralidade cristã. Penso que não se constrói a civilização do amor sem estar atento e sensível aos sinais dos tempos.

É um equívoco pastoral ignorar a realidade e se ater em concepções morais que somente existem no campo das idéias e no ambiente do real não se tornam concretas. Há necessidade de um discurso moral mais eloquente e testemunhal, há necessidade de uma moral cristã do diálogo, haja vista que a pastoral do medo não faz sentido em um mundo onde as pessoas carecem da pastoral da alegria, que as ajudem a serem humanos e dignos de sua humanidade desde a concepção até o natural declínio da vida.

Se há pecados pessoais e sociais, há também pecados intelectuais por parte dos que são chamados a ouvir o grito aflito do rebanho e os guiarem de forma convincente e verdadeira, livres de qualquer forma de demagogia eclesiástica ou sexual. Se há cristãos imorais é por que há pregadores os quais não vivem o que pregam ou pregam aquilo que não vivem.

Quando na esperança acolhe-se na fé e comunhão o novo Papa Francisco, é o momento de analisar - Como está o Catolicismo diante da realidade contemporânea? O que realmente profana o Sagrado, o diálogo com a moral da sociedade atual ou a hipocrisia religiosa que mascara a imoralidade?

No campo da sexualidade cristã vale mais ouvir e dialogar do que impor e se fechar para o outro - diferente.

O tema moral religiosa católica está em pauta não por acaso, é resultado do não-testemunho das virtudes humanas apregoadas por Jesus Cristo e de um discurso religioso cego e surdo aos sinceros apelos dos que desejam serem bons cristãos, praticando de fato uma moralidade cristã que deve ser cristianizada e não mais maculada pelo puritanismo ou pelo desprezo do corpo e supervalorização da alma, afinal corpo e alma são obras do Divino e por isso são sagrados.

Teologia da Ressurreição



O que é a Ressurreição de Jesus Cristo?
Por Marcos Cassiano Dutra

Aproxima-se a Semana Santa e nela o Tríduo Pascal, celebração principal de todo o Ano Litúrgico, dado que é somente por meio da Ressurreição que se entende a pessoa de Jesus de Nazaré. Logo, a Páscoa é a celebração da identidade de Jesus, caráter marcante a se fazer presente na índole de todo o cristão. Porém qual é essa fisionomia? É a ação do Ressuscitado. Ressurreição é o processo ativo, misterioso e transformador da vida que vence a morte, da esperança que vence o medo, da graça que supera o pecado.

A Ressurreição não é mero aleluia sem significado histórico, pois foi precisamente a história humana que Deus escolheu para se manifestar ao revelar-se, e nela construir uma história de salvação; e escolheu o ser humano, destinatário por excelência da Redenção, como receptor da herança da fé que Cristo veio transmitir: o Evangelho, o Reino de Deus, que em Jesus alcança seu pleno cumprimento, visto que Ele é em si a Pessoa e Obra de Deus ao mesmo tempo.

Portanto, quando se fala de Ressurreição, não se comenta sobre um fato passado e isolado numa época, mas atualiza-o no hoje da história. Cristo hoje torna a Ressuscitar, e com sua Ressurreição torna a interpelar-nos para as urgências evangélicas necessárias no enfrentamento profético, corajoso e válido das estruturas temporais as quais ameaçam o gênero humano. Nesse sentido a Ressurreição é libertação, ou seja, aquilo que cria o espaço pertinente para a liberdade acontecer, liberdade que não é relativa e nem repressão, é realidade concreta dos ressuscitados.

Celebrar a Ressurreição é reverenciar a liberdade que a salvação em Cristo proporciona, liberdade de ser gente, liberdade de ter dignidade, liberdade de poder estudar, ser saudável, ter terra, ou seja, liberdade que é vida em plenitude. Por isso que a Páscoa é a festa da vida. Não tem sentido falar de páscoa se ignorada a expressão pascal da liberdade que Cristo com sua Paixão, Morte e Ressurreição adquire para o gênero humano, restaurando a criação.

Ao contemplar o Santo Sepulcro vazio, olhemos para aquele que lá não está, e em seus gestos, palavras e ações, busquemos os caminhos coerentes para tornar o Reino de Deus mais visível em nosso meio.




quinta-feira, 14 de março de 2013

Nossos Papas, nossa história!


Habemus Papam!
 Bendito o que vem em nome do Senhor!
Por Marcos Cassiano Dutra

As expectativas em torno da eleição do novo Papa causou clima de nostalgia em católicos e não-crentes... O mundo parou para ver a fumaça branca a sair da chaminé da Capela Sistina, cumprindo o antigo e tradicional ritual cristão quando da eleição de um cardeal à Cátedra de São Pedro.
             
Aparece-nos de maneira simpática, humilde e sábia o novo Pontífice, seu nome é Francisco, o primeiro latino-americano, nosso Papa, nosso Pastor. Superaram-se as expectativas dos analistas, que consideram outros cardeais com mais chance de serem eleitos para o ministério petrino. Mais uma vez o Espírito Santo surpreende ao escolher, por meio do voto do Colégio Cardinalício, um Romano Pontífice a vir da América Latina e a adotar o nome do santo dos pobres que fundou uma grande ordem mendicante para restaurar, em sua época, a fisionomia evangélica da Igreja de Jesus Cristo. Francisco dos pobres e da evangelização, Francisco da Igreja, Francisco da comunhão apostólica, Francisco da doutrina, Francisco da unidade, Francisco da humildade!
            
Vem da Argentina, da Arquidiocese de Buenos Aires, para ensinar, reger e santificar não só uma diocese, mas a Igreja Universal presidida na caridade pela igreja de Roma. Nós latino-americanos, felizes por darmos um Papa novo ao nosso Catolicismo, nos comprometamos em continuar no nosso continente a vivência coerente do Cristianismo em união com o Santo Padre. 
             
Ainda contentes por tal anúncio, rezamos com piedade a Deus e a Virgem Maria, a fim de que amparem e acompanhem os passos de nosso amado Papa Francisco nessa nova página da história da Igreja, a qual se inicia nesse clima do Ano da Fé. Olhemos com esperança para seu pontificado e nos coloquemos em espírito de serviço, de colaboração missionária, como ele mesmo disse: “Bispo, povo, povo Bispo”, certamente recordando as palavras de Santo Agostinho: “Para vocês sou Bispo, com vocês sou cristão!”.
             
Cardeal Jorge Mario Bergoglio, novo Sumo Pontífice da Santa Igreja Romana, nós vos acolhemos e convosco queremos militar nesse tempo testemunhando a fé cristã e a catolicidade que nos une em nome da Santíssima Trindade!
 

terça-feira, 12 de março de 2013

Campanha da Fraternidade 2013


Os rumos da juventude
Por Marcos Cassiano Dutra

Introdução     
            Em consonância com a CF 2013, propõe-se aqui discorrer sobre a temática dos caminhos atuais da juventude no cenário social.

O Caminhar da juventude
            Segundo o pensador cristão J. B. Libanio, SJ – “a medicina, a psicologia e a pedagogia têm constatado um deslocamento físico, psíquico e espiritual dos jovens”. Esse é o fenômeno das tendências pessoais ou coletivas no distanciamento do idealismo para a busca por experiências momentâneas sem compromisso.
            Estudiosos da área de psicologia definem que há na juventude dois tipos de dinamismo que se completam quando relacionados de maneira sadia.
            O dinamismo projetivo – É aquele que motiva o jovem para o futuro por meio dos sonhos. No uso criativo da imaginação, ele constrói e almeja projetos de vida, enxergando o amanhã com esperança, e, encontrando no presente a força necessária diante dos desafios.
            O dinamismo explorativo – É aquele que foca-se exclusivamente ao presente, buscando realizá-lo ao máximo, deixando o futuro em segundo plano, pois o que importa não são os projetos e sim as vontades momentâneas.

A realidade juvenil
            Na juventude contemporânea, influenciada pela mentalidade do consumismo pós-moderno, predomina o dinamismo explorativo acima do projetivo, anulando assim o papel dos ideais na vida humana.
            O ideal, dentro da esfera da consciência, proporciona ao ser humano referenciais de vida com perspectivas quanto ao futuro. Por exemplo, a realização profissional, vocacional, a constituição de uma família, etc, são ideais nobres de vida projetados pela consciência, por que neles está embutido o grande anseio natural – a felicidade.
            Quando os ideais são trocados por outras tendências que não visam à completude existencial do homem, isto é, uma vida realmente feliz e humanizada, ocorre o desligamento do projetar-se para o futuro a fim de viver o momento sem perceber, ou seja, tomar conhecimento, das conseqüências históricas das escolhas e atitudes impensadas. Essa tendência perpassa o âmbito das relações consigo, com o outro e com o divino, caracterizando o utilitarismo.

Os efeitos ideológicos
            A autonomia e a independência, desfocadas da maturidade necessária, deturpam o real significado de ser autônomo e independente, visto que o todo do humano, quer dizer, aquilo que o homem é (corpo, mente e alma), está focado exclusivamente no erotismo, o qual distorce o campo da sexualidade, produzindo jovens com corpos vigorosos e fortes, mas com psiquismo frágil e menos capacidade de responsabilidade, cujo comportamento é fruto da “tirania do prazer”, ideologizada e disseminada na atualidade, visando uma cultura na qual a juventude seja não só uma etapa da vida e sim um período a ser prolongado o máximo possível.

Conclusão


            Vê-se, portanto, que a mentalidade pós-moderna é a responsável direta pelas transformações na consciência do jovem no anulamento do dinamismo projetivo pela supervalorização do exploratismo. Cabe a sociedade, especialmente aos jovens, protagonistas de seu próprio desenvolvimento, a identificação de soluções em torno dos rumos da juventude nessa época, encontrando na mesma pós-modernidade que aliena, o antídoto eficaz contra o exploratismo exacerbado, em defesa do equilíbrio consciente e construtivo das mentes juvenis.             

sábado, 9 de março de 2013

"Habemus Papam!"



O VATICANO II E A ELEIÇÃO DO NOVO PAPA
Por Marcos Cassiano Dutra


Com a definição da data para o início do conclave em 12 de março, que elegerá o sucessor de Bento XVI (Papa emérito), a Igreja e o mundo aguardam com esperança e curiosidade o célebre anúncio do "Habemus Papam!" Diante desse momento-chave na história contemporânea da Igreja, é pertinente recordar o maior evento eclesial do catolicismo no século passado - O Concílio Ecumênico Vaticano II, haja vista que a mídia em geral vem utilizando-se desse concílio de forma a deturpar sua intencionalidade teológico-pastoral para legitimar especulações falaciosas e demagógicas acerca da Hierarquia Apostólica.

Fala-se tanto em modernização da Igreja que mais parece um carnaval de opiniões caricaturadas de "interesse" pela barca de São Pedro, quando não! É mero oportunismo jornalístico, utilizando-se de certas problemáticas internas da Igreja para expô-la ao ridículo perante o mundo globalizado.

Todavia os problemas não são o fim e sim ocasiões da limitação humana necessitada da graça de Deus e da sabedoria do Espírito Santo para resolvê-los da melhor forma possível. Por isso a eleição do novo Romano Pontífice é importante e a renúncia de Bento XVI providencial, ambos sinais de amor pelo Rebanho do Senhor.

Modernizar deriva de duas palavras latinas: modus/modo e hodierno/hoje, quer dizer, o modo de hoje, algo que João XXIII exclamava ao dizer: "aggiornare la chiesa!" - Atualizar a Igreja. E isso, sem sombra de dúvidas, o Vaticano II conseguiu com seus magníficos 16 documentos conciliares (4 constituições, 9 decretos e 3 declarações), feito que se deve a coragem apostólica do Beato Papa João e a inteligência equilibrada do Servo de Deus Paulo VI, bem como da capacidade comunicativa de João Paulo II e da coerência teológica de Ratzinger (Bento XVI), o qual foi um dos mentores intelectuais desse concílio e levou a cabo tal aggiornamento, quer como teólogo, como Pontífice em seus quase 8 anos de papado.

Modernizar a Igreja não é romper com sua história e tradição, frutos não do esforço humano, mas da iniciativa sagrada que a quis e erigiu em Jesus Cristo nos Santos Apóstolos. 

Claramente que 50 anos depois da abertura solene do Vaticano II, vivemos uma época de síntese desse concílio e também de análise para prosseguir sua implementação, pois as mudanças eclesiais e pastorais que ele intui não acontecem da noite para o dia, precisam de tempo e de amadurecimento, essa é a missão do próximo Papa: levar adiante a barca de Cristo confiada a Pedro, dentro das propostas do Vaticano II.

O Vaticano II não foi um concílio da ruptura! Quem o pensa dessa forma comete equívocos! O Vaticano II é o concílio da reforma na continuidade. Essa é a hermenêutica correta, que já em 1985 o Sínodo dos Bispos em Roma junto ao Papa Wojtyla concluía.

Enquanto aguardamos a eleição do novo Pontífice, olhemos com fé para a história desta Igreja que somos, confiando na esperança pascal de Cristo sempre presente junto a seu povo e seus sagrados pastores e rezemos para que no voto dos Cardeais o Espírito Santo escolha aquele que segundo a vontade de Deus é o escolhido para pastorear seu Rebanho daqui em diante.

 

quarta-feira, 6 de março de 2013

"As aparências enganam..."


Sociedade das aparências
Por Marcos Cassiano Dutra
          
Na Idade Moderna a razão era o fator determinante para se saber quem é o homem. René Descartes, filósofo francês dessa época dizia: “Cogito ergo sum” – penso, logo existo. Hoje, no século XXI, inverteram-se tudo, não mais o racionalismo e sim a aparência é o que define o humano. “Apareço, logo existo”, essa é a premissa da sociedade das aparências, mergulhada de forma alienante no consumismo virtual das plataformas de relacionamentos que o advento da internet proporcionou.
            
Aparecer é o verbo preferido das ações do invejoso que deleta (apaga) a todo custo aquele ou aqueles os quais ousam colocar sua imagem de pop-star em escanteio. A psicologia do holofote abarca não só o mundo virtual, mas também o real, seja nas revistas, jornais e outros meios de comunicação social. Além dos já conhecidos plágios, ou seja, a cópia de teorias ou idéias de algum autor, a competição pelo status que a aparência proporciona é o motivo crucial na aplicação da inveja entre as pessoas.
            
Infelizes os invejosos, que excluem a imagem do próximo por puro egoísmo enrustido nos mais fajutos pretextos sociais ou até mesmo religiosos, o que em si é lamentável. Esses cultivadores da inveja ainda não aprenderam que o maior tesouro da vida é o respeito pelos dons e a criatividade dos irmãos na escola da vida.
            
Pertinente é o pensamento do saudoso músico Renato Russo – “As pessoas julgam a aparência, mas se esquecem de que o mal da sociedade são as pessoas sem caráter”.

Filosofando sobre a cultura


O que é a cultura?
Por Marcos Cassiano Dutra

            
Aqui e acolá se fala sobre cultura e seus diversificados sinônimos, mas o que vem a ser isso que chamamos de cultura?
            
Estudiosos da área de ética consideram a cultura como sendo uma segunda natureza humana (a primeira é a biológica). A definem como totalidade dos produtos da atividade do ser humano, por exemplo: linguagem, arte, religião, leis, normas...
            
Se a cultura é parte da natureza humana, ela é algo que distingue o homem dos demais animais. Nesse sentido, a cultura é uma criação social, dado que o ser humano, mentor cultural, é um ser de relações, isto é, um ser social. Ao fazer-se criação da vida social, a cultura torna-se um instrumento ideológico de interiorização de valores para a sociabilidade.
         
Por isso que para se estudar o ser humano, um dos caminhos que a antropologia (estudo sobre o homem) utiliza é a pesquisa científica em torno das mais distintas manifestações culturais da humanidade. Vê-se, portanto, que a cultura não é mero acidente histórico, e sim um dado elementar do caráter humano.
            
O ser humano é um ser em construção. Não nasce pronto e acabado, nasce potencialmente capaz de construir o seu ser. Esse é o grande desafio da vida humana – o processo de edificação da própria existência. A cultura se encaixa nesse caminho processual como uma das formas construtivas do eu-humano. 

sábado, 2 de março de 2013

Fé e razão?



Filosofia e vida cristã
“Crer para compreender e compreender para crer” – Sto. Agostinho
Por Marcos Cassiano Dutra


A Filosofia é uma ciência humana que germinou na cultura grega antiga nos séculos VI e VII a.C. e, ao longo do tempo, se difundiu na sociedade européia medieval e moderna, prosseguindo até os dias de hoje na contemporaneidade. É em si um saber suja finalidade é o aprimoramento da faculdade natural do homem chamada reflexão.
             
Filosofia significa amigo da sabedoria (Filo-amigo / Sofia - sabedoria). O filósofo é, portanto, aquele que busca, por meio do raciocínio reflexivo, aproximar-se da amiga indispensável à vida – a sabedoria.
             
Interessante que na cultura judaica sabedoria quer dizer saber saborear a vida. Quem realmente filosofa, além de relacionar-se com a sabedoria, de certa forma reflexiva, aprende a existir bem, ou seja, a saborear a vida ampliando o conhecimento.
             
Os primeiros Padres da Igreja já no século II, entre eles Santo Agostinho de Hipona, intuíram que o pensar filosófico seria de grande valia para a fé e a vida cristã. Por isso utilizaram da Filosofia como instrumental no estudo da Teologia. Posteriormente a essa época dos Padres da Igreja (a Patrística) deu-se, no início do século IX até o fim do século XVI, o período histórico da Escolástica, tendo Santo Tomás de Aquino como seu magno representante, por ter ele utilizado de maneira magistral o pensamento aristotélico em sua vasta obra teológica. A Filosofia é tão importante que todo o bom estudante de Teologia deve ter também uma boa base filosófica.
             
Mas qual é, em suma, a relação que se estabelece entre Filosofia e vida cristã? Sem dúvida alguma é a relação racional para o amadurecimento do intelecto da fé na reflexão acerca da doutrina e pesquisas em torno de variados assuntos teológicos. Uma fé consciente resulta numa prática religiosa coerente; nesse sentido se encaixa perfeitamente a vida cristã e o pensamento filosófico.
             
Se Filosofia é ser amigo da sabedoria, e, se sabedoria é saber saborear a vida, logo a vida cristã, auxiliada pelos conhecimentos filosóficos, é um constante aproximar-se da Sabedoria Eterna (Deus), para assim saber saborear com dignidade o dom da vida segundo o Evangelho.