Catequese sobre a Santíssima Trindade
Por Marcos Cassiano Dutra
A Solenidade da
Santíssima Trindade é uma das festas importantes dentro do calendário litúrgico
da Igreja (o Ano Litúrgico), marcando o início do segundo ciclo do Tempo Comum.
Essa festa solene do Cristianismo exalta uma de seus dogmas, ou seja, verdades de
fé, mais importantes: a crença em Deus Trindade de Pessoas Divinas. Tal devoção à
Trindade já estava presente na comunidade de fé cristã desde a época do papado
de Inocêncio XII, todavia este papa prudentemente preferiu esperar e aprimorar
mais a teologia da trindade para que se fosse proclamado esse dogma.
Posteriormente, séculos depois, o Papa João XXII, vendo que a teologia da
trindade já estava bem elaborada, e que havia chegado o momento de proclamar
esta verdade de fé, cuja origem é a revelação de Deus e não da vontade humana,
proclamou esse dogma e estipulou sua celebração no culto divino da Igreja.
Santíssima Trindade, esse é o
mistério de Deus, que é Pai, Filho e Espírito Santo. Solenidade importante que se
celebra na liturgia dominical depois de Pentecostes. O Pai, a ideia principal
que plasmou criativamente céus e terra e a humanidade no mistério da criação e
da vida. O Filho, o Verbo, a ação messiânica, salvadora e redentora de Deus
junto de seu povo eleito. O Espírito Santo, o Paráclito, a força misteriosa e
sagrada que motiva e guia a Igreja, a sabedoria que ilumina a interpretação da
Sagrada Escritura e o dom celestial a soprar carismas no meio da comunidade de
fé.
Diz o grande Santo Agostinho de
Hipona: "O mistério da Santíssima Trindade cristã é o mistério do amor
Divino. Você vê a Santíssima Trindade, se você vê o amor". Sim, Deus é
amor! Quão nobre definição da Trindade indivisa, quão nobre sentimento que
invade a alma cristã e a vida humana, quão elementar virtude presente no coração
dos que olham o mundo com os olhos, de Deus, os olhos da misericórdia! Se há
algo presente na vida humana é o elemento amor. O amor é o sinal visível do
invisível que é a Trindade. Amor presente nos gestos, palavras e ações de cada
pessoa humana, de modo que quanto mais os homens e mulheres de boa vontade se
amam, mais estão unidos ao mistério da Santíssima Trindade.
Assim escreve Santo Anselmo de
Cantuária: “Não tento, Senhor, penetrar a vossa profundidade, porque não posso
sequer de longe comparar com ela o meu intelecto; mas desejo entender, pelo
menos até certo ponto, a vossa verdade, em que o meu coração crê e ama. Com
efeito, não procuro compreender para crer, mas creio para compreender”. Sim, o
mistério de Deus é infinito e vai muito além de nossa capacidade intelectual,
contudo, a razão humana, auxiliada pela graça de Deus, é capaz de crer e
compreender, compreender e crer nas verdades de fé que sustentam a vida e o
universo, visto que as coisas mais profundas que dão sentido à nossa vida nós não
a vemos, mas podemos sentir os seus efeitos.
Por exemplo, não vemos nossa
inteligência, porém sabemos que a temos e fazemos uso dela em liberdade e
consciência. Assim é crer e compreender que Deus é Pai, Filho e Espírito Santo.
Não vemos a Trindade na atmosfera do físico e palpável, entretanto, sentimos
seu efeito em todo nosso ser por meio da fé, que nos abre ao mistério do
sagrado e gera em nós uma mudança de mentalidade segundo a vontade de Deus, na
qual está nossa real liberdade, dignidade e esperança.
Outro exemplo: O ser humano, tal
qual nos apresenta a psicologia e a psicanálise, é composto por três dimensões
que o humanizam, que o tornam humano, são elas: o corpo, a mente e a alma ou
espírito. A pessoa humana é uma só enquanto ser vivo e racional, todavia dentro
dessa uma pessoa habitam três elementos, três dimensões que lhe dão a
identidade existencial própria: ser um humano. Assim é também Deus em seu
mistério trinitário, é um único Deus, Senhor do tempo e da história, composto
por três personificadas dimensões sagradas e misteriosas que a nós se revela
como Pai, Filho e Espírito Santo na plenitude dos tempos quando se fez gente
igual a gente no mistério da encarnação em Jesus de Nazaré
A Trindade Santa é, então, a
expressão da revelação do mistério de Deus que Jesus Cristo (segunda Pessoa da
Trindade) revelou de maneira plena com sua vida, obra e virtudes. A Trindade é a expressão da ação de Deus na
história da salvação. Expressão criadora (o Pai), redentora (o Filho) e
santificadora (o Espírito Santo) do gênero humano. A Trindade Santa é a
comunidade perfeita, por isso chamada de Trindade indivisa, isto é, na qual não
há divisão e nem competição ou egoísmo.
A Igreja de Cristo, que é Una,
Santa, Católica e Apostólica, por índole é a comunidade de fiéis da Santíssima
Trindade, e, portanto, deve espelhar-se na relação de unidade entre Pai, Filho
e Espírito Santo, para jamais perder o seu caráter trinitário: a comunhão.
Em suma, Com os santos e anjos, adoremos e digamos: “Glória ao
Pai, ao Filho e ao Espírito Santo - Assim como era no princípio, agora e
sempre.”