sábado, 17 de março de 2012

Poetizando a existência...

A vida em poesia
Aprendendo a ser o poeta de si mesmo
Por Marcos Cassiano Dutra


Dizem que um poeta é um eterno sofredor, que busca amenizar suas dores nos versos que inteligentemente ele escreve. Na sinfonia das palavras, que vão aos poucos formando a poesia, brinca o escritor com seus sentimentos, externizando e eternizando o mais íntimo de sua alma. Alma sábia de quem entende ser a vida uma oportunidade única de exercitar a completude da existência humana, por isso escreve, porque sua intuição literária aponta para algo maior que o motiva a redigir versos poéticos. Que algo é esse a motivar o poeta? É o amor, um amor tão grande pela arte de transmitir belas mensagens por meio da articulação entre as letras do alfabeto.
Quero ser hoje esse poeta. Quero externizar o mais íntimo de minh’alma, a fim de deixar marcado para sempre aquilo que sinto. Um sentimento reprimido frustra e é um atentado contra a própria humanidade da pessoa. Ninguém se humaniza reprimindo-se, mas assumindo seus limites, ideais, sentimentos...Seja eu um poeta corajoso, capaz de não temer o juízo dos que de maneira equivocada se intitulam donos da moral e das verdades naturais e sobrenaturais. Voa a liberdade diante da trama das estruturas que deprimem o ser humano com suas teorias desumanas. Alcança a alma inquieta seu mais terno objetivo de chegar ao horizonte daquilo que não se sabe o que é - o mistério do além; quem sabe lá ela encontre seu repouso e sua paz.
Angustia? Porque angustiar-se? A vida é muito mais que uma realidade de decepções e desilusões. Basta romper a crosta do fracasso e aprender a bem viver apartir das experiências, fazendo da vida uma poesia, mesmo que trágica, seja ela uma epopéia com direito a heróis míticos que descem do divino para salvaguardar o personagem principal da história, num enredo de luz e sombras, mas que no final torna-se vitória triunfante.
Parte para longe, não para fugir do futuro e sim para repensar os projetos e amadurecer a consciência. A distância é o sábio remédio da maturidade, ela transforma a mentalidade, ela purifica os exageros, ela ensina a dar valor ao que merece ser valorizado. Sou o poeta da confusão, o “confucionismo” de meus versos tem uma razão: fomentar em quem lê outra perspectiva de olhar o contexto do texto, ir mais adiante da regra, afinal a poesia é um gênero livre, sou livre para escrever e você é livre para interpretar. A liberdade é uma qualidade natural a ser preservada, ultimamente está em extinção. Chega de mentes alienadas e esmagadas. Quem me lê é convidado a tornar-se poeta de si mesmo, procurando tornar concreto seu eu interior nas palavras escritas no papel do cotidiano, com a tinta da sinceridade e da expressividade pessoal.
Não me pergunte porque escrevi tudo isso, não há resposta plausível a não ser a inspiração que ronda a mente do poeta em dias de contemplação. Assim como o cantor musicaliza suas angustias, poetize suas angustias também. Uma vida musicalizada e poetizada está longe de ser desequilibrada e perdida no tempo, antes se torna obra-prima de quem a fez, uma obra de arte de incalculável valor histórico. Dizem que um poeta é um eterno idealista. Um poeta sem ideal não existe, uma vida sem ideal deixa de existir. Vida poética idealizada é um projeto que supera as expectativas. Poetizar nada mais é que saber viver. E nós sabemos viver?
Sempre há uma oportunidade de iniciar a terapia da poesia existencial no dia a dia. Se o século tem algum mal, esse mal é o comodismo, senhor da descriatividade e do auto-assassinato da capacidade artística do homem. Cabe o esforço de deixar-se inspirar e começar a escrever os primeiros versos da vida que se abre para o outro lado do ser pessoa: a criatividade. Se a vida é um dom, quero tê-lo. Se a vida é um tesouro, quero conquistá-lo. Se a vida é um mistério, quero entendê-lo. Se a vida é o bem, quero praticá-lo. Enfim, se a vida é uma arte, quero ser o seu artista e fazer o mundo mais admirável e belo com minha criatividade!

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