A renovação da Igreja
Por Marcos Cassiano Dutra
Várias são as definições para a
palavra renovar. O Dicionário da Língua Portuguesa aplica os significados:
tonar novo, dar novo brilho, ou seja, novas forças; modificar, transformar,
recompor, restaurar, rejuvenescer, revigorar-se... Como se pode notar muitos
significados existem para o termo renovar.
Em
seus últimos compromissos públicos como pontífice, após ter anunciado sua
corajosa, humilde e prudente renúncia à Cátedra de São Pedro, quis o Santo
Padre reunir-se tradicionalmente no início da Quaresma com os sacerdotes
católicos residentes em Roma. Nessa particular ocasião, Bento XVI deixou de
lado o formalismo dos discursos escritos ao fazer uma verdadeira aula aberta
sobre a história da Igreja, em especial acerca do cinquentenário Concílio
Ecumênico Vaticano II, dentro da perspectiva teológico-pastoral oriunda deste
evento eclesial importante, e, em consonância com o Ano da Fé em vigor.
Ao
expressar sua análise crítico-teológica acerca da Igreja na atualidade, Bento
XVI foi enfático ao recordar o jubilar concílio, exortando os presbíteros, bem
como todos os fiéis cristãos, a uma urgente e providencial renovação de toda a
Igreja a partir das conclusões do Vaticano II. Mesmo já passados cinquenta anos
de sua solene abertura em 1962, este concílio continua a dizer algo especial à
Igreja, isto é, a ser pertinente, haja vista que ainda há muito por fazer ao
estudar com afinco seus dezesseis documentos (4 constituições, 9 decretos e 3
declarações) tanto em quesito doutrinal como pastoral.
Nesse
eixo teologal de ação eclesial para o futuro, proposto por Bento XVI, se
encaixam de maneira uníssona os significados elencados acima pela gramática da
língua portuguesa aplicados à palavra renovar, verbo interligado com renovação.
Sabe-se que todo o verbo indica uma ação. Eis, portanto, o verbo que Bento XVI
deixa como testamento desses seus 7 anos de pontificado – renovar a Igreja de
Cristo no pentecostes do Vaticano II.
Em
outras palavras, tornar nova, em um mundo secularizado, a mensagem do
Evangelho, dando novo brilho à vida cristã, a fim de que se tenha nova força
profética (testemunhal) frente aos desafios da sociedade atual que carece de um
discurso religioso católico mais eloquente. Modificar e transformar as mentalidades
deturpadoras do relacionamento Igreja/mundo – cristãos e contemporaneidade.
Recompor, restaurar e reformar aquilo que necessita dessas três atitudes
reflexivas nas áreas que carecem desta sábia intervenção, dado que somente
assim será possível rejuvenescer e revigorar o rosto salvador e redentor de
Jesus Cristo, que se estampa e se transfigura na fisionomia de sua Igreja Una,
Santa, Católica e Apostólica.
Fortes
são as palavras do Beato Papa João XXIII – “A Igreja, embora antiga desde a
época dos Apóstolos, caminha no mundo em perene juventude” (Encíclica Ad Petri
Cathedram). Quando convocado o Concílio Vaticano II esse Papa repetia como uma
ladainha do Espírito Santo a palavra-chave desse concílio: aggiornamento
(atualização). Hoje, passados cinquenta anos, outro pontífice, de um
pontificado de transição assim como o “Papa bom”, vem nos dizer: renovai a
Igreja. Certamente Entre João XXIII e Bento XVI está algo maior chamado Divina
Providência, cabe a nós agora a tarefa de tramitar na Igreja e no mundo a
riqueza incalculável desses dois apelos papais dentro de três realidades que
somos enquanto Corpo Místico de Cristo: hierarquia de dons e carismas, comunhão
e missão.
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