sábado, 21 de janeiro de 2012

Questionando os padrões de beleza

O que é a beleza?
Por Marcos Cassiano Dutra

Em todos os ambientes da vida social se fala sobre ela, a beleza. Beleza hoje é sinônimo de cuidado com o corpo, boa aparência, ou seja, elegância. Tudo isso movimenta o mercado de cosméticos e vestimentas, pois a moda é vista como uma extensão do ser belo e glamoroso. Entretanto a importância excessiva dada ao aspecto estético do corpo humano beira ao fanatismo. Quem não se enquadra nos ditos padrões de beleza está excluído ou deve fazer tudo o que estiver ao seu alcance para tornar-se belo, segundo os parâmetros da sociedade de consumo.
           
Não se trata de fazer apologia ao feio, mas de motivar uma séria discussão filosófico-sociológica a respeito desse assunto tangente nos dias atuais. Vários são os fatos patológicos envolvendo pessoas com anorexia, bulimia, erros médicos em cirurgias plásticas, entre outras situações que caracterizam os efeitos visuais da causa chamada de ideologia estética, que aliena e manipula mulheres e homens, até mesmo crianças, principalmente adolescentes e jovens, todos, sem exceção, vitimados pelo jogo econômico em torno desse fenômeno social contemporâneo do ser belo a todo custo-benefício. Quem não conhece ao menos um caso de alguma pessoa que acabou perdendo a saúde e a vida na saga viciante pelo corpo perfeito?
           
 A ditadura da beleza, como se pode chamar, seleciona seres humanos, isto é, promove segregação e impõe como peso de lei suas normas e teorias estéticas sem ao menos questionar-se sobre o que é a beleza humana? Simplesmente a reduz como um fetiche corporal e vitrine ambulante de seus produtos. O ser humano passa a ser uma mera propaganda viva que consome e fomenta no outro o desejo de também querer ser “belo”. Romper com esse ciclo vicioso não é tarefa fácil, torna-se desafiante, haja vista a capacidade midiática de difusão e consolidação dos ideais estéticos dessa superestrutura de beleza comercial. Karl Marx, filósofo e sociólogo, é inspirado ao afirmar que “não é a consciência do homem que determina seu ser social, mas seu ser social é quem determina sua consciência”, fato que repete-se corriqueiramente entre as pessoas, pelo simples fato da busca pelo reconhecimento social via beleza.
           
As críticas em torno desse assunto nem sempre ganham as manchetes, permanecem fatos isolados, enquanto muitos continuam adoecendo, desenvolvendo sérias patologias decorrentes da alienação estética. O mercado da beleza não está interessado em saber quantos são os seus doentes, ele quer lucro, geração de capital. Enquanto a porcentagem de consumo alcança índices grandiosos e satisfatórios para seus empreendedores, a porcentagem dos neuróticos paulatinamente vai se mostrando uma lamentável realidade social e problema de saúde pública, da qual poucos se interessam em conhecer os porquês.
           
Aonde isso chegará? Pode haver mais conseqüências nocivas à saúde mental e corporal do ser humano? Será que o mercado estético é mesmo inescrupuloso e desumano? Qual o real significado da beleza? Como usufruir dos produtos estéticos sem se deixar alienar? Quem não se questiona perde a oportunidade de contribuir na reflexão. Questionar também faz parte, a beleza também deve ser questionada.

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