quinta-feira, 18 de abril de 2013

Filosofia e humanidade


As mudanças do ser humano
Uma análise sobre Heráclito e Hegel
Por Marcos Cassiano Dutra


“Não podemos entrar duas vezes no mesmo rio, pois suas águas se renovam a cada instante. Não tocamos duas vezes o mesmo ser, pois este modifica continuamente sua condição” – Há muito tempo atrás, na história da filosofia antiga, um dos filósofos pré-socráticos disse isso, seu nome era Heráclito.


Não banhar-se duas vezes no mesmo rio significa que a vida humana é como uma correnteza, tal qual a água no rio sempre em movimento (mudança). A essa mutação Heráclito chamou de devir, ou seja, vir a ser. Em Heráclito o homem é um vir a ser diário. Não é um ser estático no tempo e na história, mas uma peça essencial na engrenagem da realidade (passado, presente e futuro).

Entretanto a teoria dele não teve a mesma influência nos gregos antigos como a teoria de Parmênides, no sentido de que a realidade é imutável, estática e permanente, e o ser é e não pode não ser, ao contrário de Heráclito o qual afirmava que tudo se move e por isso se transforma.

Posterior a Heráclito, outro filósofo, na contemporaneidade, utilizou da máxima do devir heraclitiano para constituir sua teoria sobre a dialética da história. Esse filósofo é Hegel. Ele faz crítica à concepção antiga dos gregos firmada no pensamento de Parmênides, que considerava como já foi dito, a realidade algo estático e o ser definido. Para Hegel há uma contradição nessa afirmação, tudo é uma formação contínua, um permanente processo de modificação que evolui constantemente.

Logo, o homem não se limita a ser ou não ser, ele é um eterno vir a ser, um movimento contínuo de opostos, que ao oporem-se formam aquilo que Hegel chama de dialética. Em outras palavras, o ser é igual a si mesmo e igual ao seu contrário, quer dizer, o ser é a contraposição de si mesmo. Essa é a base da concepção dialética da realidade em Hegel, no sentido de que o real não é aquilo já existente desde toda a eternidade, mas sim um processo transformador da contradição. A realidade é uma ação mutante que gera transformação existencial e temporal.

É mérito de Hegel a inserção da racionalidade em um processo ao mesmo tempo real e complexo a partir da transformação dos contrários, por meio da luta deles entre si e do princípio da contradição e não da identidade. Ele é o responsável por sistematizar uma tríade composta de três etapas que formam a dialética:

• Tese: Corresponde a afirmação, que implica na identidade do ser, a qual se relaciona com a infância do ser racional.

• Antítese: Corresponde à negação, que implica no questionamento do ser sobre si mesmo (sua identidade), a qual se relaciona com a adolescência do ser racional.

• Síntese: Corresponde à conclusão, oriunda do discernimento entre identidade e questionamento. Relaciona-se com a maturidade do ser racional.

Se Heráclito na antiguidade lançou as bases da mutabilidade da realidade, Hegel na contemporaneidade identificou essa mutação como sendo dialética. Portanto, ao ler-se tanto um e outro há alguma possibilidade de lançar conceitos novos embasados das teorias de ambos os filósofos? Por que ainda hoje a filosofia heraclitiana e hegeliana é estudada? Ela ainda é capaz de explicar o ser e a história ou não? Que se entende sobre historicidade na pós-modernidade?

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