quinta-feira, 18 de abril de 2013

Reforma da Cúria Romana


O DESAFIO DO PAPA FRANCISCO
Por Marcos Cassiano Dutra


“A Igreja que, certamente precisa de recursos humanos, não foi fundada para buscar glórias terrenas, mas para pregar, também com seu exemplo, a humildade e a abnegação”

Lumen Gentium.


O principal desafio do pontificado de Francisco no momento é a almejada reforma da cúria romana. Para isso o Papa constituiu um conselho de consultores formado por oito cardeais, representando os cinco continentes, a fim de auxiliá-lo nos trabalhos reformatórios curiais, a partir de uma minuciosa análise e revisão da Constituição Apostólica promulgada por João Paulo II em 1988, a qual regula a composição e as competências dos vários organismos que formam a cúria.


Essa iniciativa se deve aos últimos acontecimentos passados que culminaram na publicação de informações e na denúncia de problemas internos durante a gestão de Bento XVI, o qual fora surpreendido por tal ocorrência, que com certeza o decepcionou muito no final de seu pontificado.


Sem dúvida alguma é a decisão mais importante tomada pelo Santo Padre Francisco desde que ele foi eleito e assumiu o trono de São Pedro em março desse ano. Resta agora aguardar a tramitação dos trabalhos do conselho de consultores para enfim poder enxergar suas conclusões e medidas pertinentes.


A Igreja Católica Apostólica Romana é uma instituição religiosa de grande importância para a história da humanidade no Ocidente não só no quesito religioso como cultural também, por isso as decisões de um pontífice surtem efeito na sociedade ocidental e não somente nos fiéis, bem como notícias com relação à Santa Sé ocupam as manchetes dos informativos jornalísticos radiofônicos, impressos, visuais e virtuais.


Oportuno é recordar o Capítulo I da Constituição Dogmática Lumen Gentium que afirma: “a estrutura social da Igreja serve ao Espírito de Cristo”, ou seja, ela é ao mesmo tempo visível e espiritual, humana e divina, poder e carisma, todavia o seu poder está a serviço do carisma fundante que é em si a Pessoa de Jesus Cristo, fundador e fundamento.


Portanto, condutas incompatíveis com o ser e agir de Cristo, que é a referência de vida cristã, é além de pecado grave contra a santidade da Igreja, atitude não ética que merece a devida punição eclesiástica e civil. Clérigos e laicos envolvidos no escândalo Vatileaks, o qual abalou a credibilidade da Igreja diante dos cristãos e da sociedade mundial, necessitam de devida punição. Além de reformar o gerenciamento da cúria romana, a penalização dos culpados é de suma importância para que episódios lamentáveis como o do vazamento de informações internas, bem como a delação de corrupção econômica e moral dentro da sé vaticana não tornem a ocorrer.


Fatos como o Vatileaks não podem ser deixados em branco, afinal o que está em jogo não é um fato isolado, mas sim a transparência com que se leva a cabo tal assunto. Ainda na Lumen Gentium, o Capítulo VII sobre a escatologia da Igreja ressalta: “No fim dos tempos seremos, cada um, remunerados pelas obras da vida corporal, consoante houver praticado o bem ou o mal”. Oxalá o Senhor encontre sua Igreja perseverante no Evangelho e livre do materialismo e da imoralidade, que maculam seu caráter de ser Sacramento de Salvação na humanidade.

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