O DESAFIO DO PAPA FRANCISCO
Por Marcos Cassiano
Dutra
“A Igreja que, certamente precisa
de recursos humanos, não foi fundada para buscar glórias terrenas, mas para
pregar, também com seu exemplo, a humildade e a abnegação”
Lumen Gentium.
O principal desafio do
pontificado de Francisco no momento é a almejada reforma da cúria romana. Para
isso o Papa constituiu um conselho de consultores formado por oito cardeais,
representando os cinco continentes, a fim de auxiliá-lo nos trabalhos reformatórios
curiais, a partir de uma minuciosa análise e revisão da Constituição Apostólica
promulgada por João Paulo II em 1988,
a qual regula a composição e as competências dos vários
organismos que formam a cúria.
Essa iniciativa se deve aos
últimos acontecimentos passados que culminaram na publicação de informações e
na denúncia de problemas internos durante a gestão de Bento XVI, o qual fora
surpreendido por tal ocorrência, que com certeza o decepcionou muito no final
de seu pontificado.
Sem dúvida alguma é a decisão
mais importante tomada pelo Santo Padre Francisco desde que ele foi eleito e
assumiu o trono de São Pedro em março desse ano. Resta agora aguardar a
tramitação dos trabalhos do conselho de consultores para enfim poder enxergar
suas conclusões e medidas pertinentes.
A Igreja Católica Apostólica
Romana é uma instituição religiosa de grande importância para a história da
humanidade no Ocidente não só no quesito religioso como cultural também, por
isso as decisões de um pontífice surtem efeito na sociedade ocidental e não
somente nos fiéis, bem como notícias com relação à Santa Sé ocupam as manchetes
dos informativos jornalísticos radiofônicos, impressos, visuais e virtuais.
Oportuno é recordar o Capítulo I
da Constituição Dogmática Lumen Gentium que afirma: “a estrutura social da
Igreja serve ao Espírito de Cristo”, ou seja, ela é ao mesmo tempo visível e
espiritual, humana e divina, poder e carisma, todavia o seu poder está a
serviço do carisma fundante que é em si a Pessoa de Jesus Cristo, fundador e
fundamento.
Portanto, condutas incompatíveis
com o ser e agir de Cristo, que é a referência de vida cristã, é além de pecado
grave contra a santidade da Igreja, atitude não ética que merece a devida
punição eclesiástica e civil. Clérigos e laicos envolvidos no escândalo
Vatileaks, o qual abalou a credibilidade da Igreja diante dos cristãos e da
sociedade mundial, necessitam de devida punição. Além de reformar o
gerenciamento da cúria romana, a penalização dos culpados é de suma importância
para que episódios lamentáveis como o do vazamento de informações internas, bem
como a delação de corrupção econômica e moral dentro da sé vaticana não tornem
a ocorrer.
Fatos como o Vatileaks não podem
ser deixados em branco, afinal o que está em jogo não é um fato isolado, mas
sim a transparência com que se leva a cabo tal assunto. Ainda na Lumen Gentium,
o Capítulo VII sobre a escatologia da Igreja ressalta: “No fim dos tempos
seremos, cada um, remunerados pelas obras da vida corporal, consoante houver praticado
o bem ou o mal”. Oxalá o Senhor encontre sua Igreja perseverante no Evangelho e
livre do materialismo e da imoralidade, que maculam seu caráter de ser
Sacramento de Salvação na humanidade.
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