sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Eleições municipais 2012



 Os católicos e a política
Por Marcos Cassiano Dutra


A Igreja Católica é uma instituição religiosa, mas também é uma grande colaboradora da humanidade, por que em sua ação evangelizadora busca a promoção humana na defesa da dignidade e da vida como duas realidades existenciais importantes que apontam para o Reino de Deus preludiado entre os povos.

Equivoca-se quem interpreta tendenciosamente a ação social da Igreja como mero assistencialismo e politicagem, sua pastoralidade vai além da assistência social e de ideologias partidárias, é instrumento de libertação do homem das mazelas sociais que o marginalizam, dando-lhe a oportunidade de tornar-se protagonista de sua própria história pessoal, familiar e social, ao oferecer oportunidades de salvaguardar o acesso à alimentação, saúde, educação, cultura, moradia, trabalho e melhor salário, por meio de seus organismos pastorais, os quais trabalham incansavelmente em favor dos mais necessitados nos quais Deus continua a revelar-se, tal qual o fez na ternura infante da humilde criança de Belém.

Assim afirma o jubilar Concílio Vaticano II em sua Constituição Pastoral "Gaudium et Spes" - "As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos os que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo".

Essa expressão escrita conciliar traduz a solidariedade da Igreja com a família humana universal. Apresenta a real fisionomia do catolicismo: ser uma religião inserida no mundo, em constante diálogo, profetismo e trabalho conjunto para superação das problemáticas que ferem a dignidade dos filhos de Deus, denunciando toda forma de corrupção dos bens públicos ao conscientizar a sociedade civil organizada.

Uma Igreja parceira da humanidade. Se outrora pairava no ar uma dicotomia entre fé e vida, hoje, sob a luz profética do Vaticano II, entendemos que fé e vida são como corpo e alma: um composto único que dá caráter á existência humana. A vida torna-se mais humanizada pela prática da fé, e a fé se torna mais eloquente se desenvolvida na vida cotidiana. Religião e política não se misturam, pelo contrário, se dão às mãos em favor da paz e da fraternidade.

Em tempos de eleições ouçamos a voz da Igreja no Brasil que nos diz: Vote com consciência, voto não tem preço, tem consequência!" Os cristãos leigos e leigas, inseridos no ambiente político como eleitores e candidatos aos cargos públicos, deixem-se iluminar pela sabedoria católica em favor do bem comum nos municípios brasileiros.

Candidaturas que enxergam a Igreja como uma adversária, são coligações que não defendem o bem público e sim o interesse de pequenos grupos elitizados, os quais anseiam o poder para manutenção das estruturas desumanas que geram a desigualdade social, tais candidatos, seja a cargos legislativo ou executivo, jamais merecem o voto de um cidadão, muito menos dos cidadãos cristãos.

O debate de idéias, projetos e propostas é saudável e importante para o fortalecimento da democracia. Debater é permitir ser questionado e questionar, tendo em vista não o revanchismo, mas a busca conjunta de caminhos políticos coerentes, prudentes e assertivos para sanar os eventuais problemas locais.

Bem-Aventurado o político honesto que não governa para si e os seus, e sim zela pelo bem comum de todos e todas, jamais se esquecendo da contribuição religiosa e humana da Igreja Católica na salvaguarda da integração social.

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