Os católicos e a política
Por Marcos Cassiano Dutra
A Igreja Católica é uma instituição religiosa, mas também é uma grande
colaboradora da humanidade, por que em sua ação evangelizadora busca a promoção
humana na defesa da dignidade e da vida como duas realidades existenciais
importantes que apontam para o Reino de Deus preludiado entre os povos.
Equivoca-se quem interpreta tendenciosamente a ação social da Igreja como
mero assistencialismo e politicagem, sua pastoralidade vai além da assistência
social e de ideologias partidárias, é instrumento de libertação do homem das
mazelas sociais que o marginalizam, dando-lhe a oportunidade de tornar-se
protagonista de sua própria história pessoal, familiar e social, ao oferecer
oportunidades de salvaguardar o acesso à alimentação, saúde, educação, cultura,
moradia, trabalho e melhor salário, por meio de seus organismos pastorais, os
quais trabalham incansavelmente em favor dos mais necessitados nos quais Deus
continua a revelar-se, tal qual o fez na ternura infante da humilde criança de
Belém.
Assim afirma o jubilar Concílio Vaticano II em sua Constituição Pastoral
"Gaudium et Spes" - "As alegrias e as esperanças, as tristezas e
as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos os que sofrem,
são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos
discípulos de Cristo".
Essa expressão escrita conciliar traduz a solidariedade da Igreja com a
família humana universal. Apresenta a real fisionomia do catolicismo: ser uma
religião inserida no mundo, em constante diálogo, profetismo e trabalho conjunto
para superação das problemáticas que ferem a dignidade dos filhos de Deus,
denunciando toda forma de corrupção dos bens públicos ao conscientizar a
sociedade civil organizada.
Uma Igreja parceira da humanidade. Se outrora pairava no ar uma dicotomia
entre fé e vida, hoje, sob a luz profética do Vaticano II, entendemos que fé e
vida são como corpo e alma: um composto único que dá caráter á existência
humana. A vida torna-se mais humanizada pela prática da fé, e a fé se torna
mais eloquente se desenvolvida na vida cotidiana. Religião e política não se
misturam, pelo contrário, se dão às mãos em favor da paz e da fraternidade.
Em tempos de eleições ouçamos a voz da Igreja no Brasil que nos diz: Vote
com consciência, voto não tem preço, tem consequência!" Os cristãos leigos
e leigas, inseridos no ambiente político como eleitores e candidatos aos cargos
públicos, deixem-se iluminar pela sabedoria católica em favor do bem comum nos
municípios brasileiros.
Candidaturas que enxergam a Igreja como uma adversária, são coligações
que não defendem o bem público e sim o interesse de pequenos grupos elitizados,
os quais anseiam o poder para manutenção das estruturas desumanas que geram a
desigualdade social, tais candidatos, seja a cargos legislativo ou executivo,
jamais merecem o voto de um cidadão, muito menos dos cidadãos cristãos.
O debate de idéias, projetos e propostas é saudável e importante para o
fortalecimento da democracia. Debater é permitir ser questionado e questionar,
tendo em vista não o revanchismo, mas a busca conjunta de caminhos políticos
coerentes, prudentes e assertivos para sanar os eventuais problemas locais.
Bem-Aventurado o político honesto que não governa para si e os seus, e
sim zela pelo bem comum de todos e todas, jamais se esquecendo da contribuição
religiosa e humana da Igreja Católica na salvaguarda da integração social.
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