Qual é a Igreja de Francisco?
Por Marcos Cassiano Dutra
Desde que foi eleito para ser o líder
máximo dos católicos, o Cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio vem
surpreendendo não só os fiéis, mas todo o mundo ao expressar uma forma peculiar
de ser pastor, algo que adotou para seu papado, o qual está apenas começando.
Sua
popularidade, conquistada dentro e fora da religião, é um fator positivo, por
isso muitos se perguntam – Qual é a Igreja de Francisco? Para responder a essa
pergunta inquietante é necessário recorrer a uma análise de seus gestos,
palavras e ações, porque é neles que se transparece o perfil eclesial que o
primeiro Papa latino-americano irá aos poucos efetivar no Catolicismo a nível
mundial.
A Igreja de Francisco é dos pobres. Eleger
um cardeal da América Latina significa uma atenção especial aos mais
empobrescidos. Francisco é um Papa que vem “do fim do mundo”, como ele disse em
sua primeira aparição pública, ou seja, vem da periferia para o centro do poder
religioso católico, trazendo consigo na bagagem toda a experiência
teológico-pastoral da Igreja na América Latina.
A Igreja de Francisco é dinâmica e
maternal. A sua presença na celebração da Jornada Mundial da Juventude no
Rio de Janeiro propiciou que o primeiro Papa latino-americano realizasse sua
primeira viagem apostólica ao seu continente de origem desde que foi eleito em
março de 2013. Sem dúvida alguma o Brasil foi o lugar providencial no qual
Francisco expôs, no bom sentido do termo, a vitrine de como será seu
pontificado.
A Igreja de Francisco é comunhão. Desde
que foi eleito Pontífice, não deixou de fazer menções honrosas ao seu
antecessor, o Papa emérito Bento XVI, demonstrando assim unidade para com a
herança deixada pelos oito anos de pontificado do Papa Teólogo Ratzinger. Uma
prova disso é a convivência amistosa entre ambos no Vaticano e a promulgação da
Encíclica “Lumen Fidei”, cuja escrita foi iniciada por Bento.
A Igreja de Francisco é simplicidade. O
estilo simples que Bergoglio vive seu cotidiano como Papa chama a atenção de
todos. Sua personalidade desapegada, que renunciou as pompas eclesiásticas, as
quais por direito ele poderia utilizar como Pontífice Máximo da Santa Igreja,
e, ao mesmo tempo a forma com a qual ele se apresenta aos fiéis – “sou o bispo
de Roma”, são sinais de que a Igreja, em um contexto maior, deve se reaproximar
dos conselhos evangélicos de pobreza, castidade e obediência. O nome escolhido
– Francisco – indica uma ligação espiritual com a espiritualidade franciscana,
de uma Igreja modesta, humilde, austera, penitente e profundamente próxima dos
pobres e sofredores, dos mais simples.
É
cedo demais para definir se Francisco será semelhante ao São Francisco de
Assis: um reformador da Igreja dentro dela. Porém, é consenso que seu
pontificado conduzirá o Catolicismo para um novo tempo de diálogo com o mundo
atual e com setores internos da própria Igreja Católica Apostólica Romana.
Estamos diante de uma nova época para a história da Igreja?
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