segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Qual é Igreja de Francisco? Parte II



Qual é a Igreja de Francisco?
Por Marcos Cassiano Dutra



Desde que foi eleito para ser o líder máximo dos católicos, o Cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio vem surpreendendo não só os fiéis, mas todo o mundo ao expressar uma forma peculiar de ser pastor, algo que adotou para seu papado, o qual está apenas começando.

            
Sua popularidade, conquistada dentro e fora da religião, é um fator positivo, por isso muitos se perguntam – Qual é a Igreja de Francisco? Para responder a essa pergunta inquietante é necessário recorrer a uma análise de seus gestos, palavras e ações, porque é neles que se transparece o perfil eclesial que o primeiro Papa latino-americano irá aos poucos efetivar no Catolicismo a nível mundial.
             
A Igreja de Francisco é dos pobres. Eleger um cardeal da América Latina significa uma atenção especial aos mais empobrescidos. Francisco é um Papa que vem “do fim do mundo”, como ele disse em sua primeira aparição pública, ou seja, vem da periferia para o centro do poder religioso católico, trazendo consigo na bagagem toda a experiência teológico-pastoral da Igreja na América Latina.
             
A Igreja de Francisco é dinâmica e maternal. A sua presença na celebração da Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro propiciou que o primeiro Papa latino-americano realizasse sua primeira viagem apostólica ao seu continente de origem desde que foi eleito em março de 2013. Sem dúvida alguma o Brasil foi o lugar providencial no qual Francisco expôs, no bom sentido do termo, a vitrine de como será seu pontificado.
             
A Igreja de Francisco é comunhão. Desde que foi eleito Pontífice, não deixou de fazer menções honrosas ao seu antecessor, o Papa emérito Bento XVI, demonstrando assim unidade para com a herança deixada pelos oito anos de pontificado do Papa Teólogo Ratzinger. Uma prova disso é a convivência amistosa entre ambos no Vaticano e a promulgação da Encíclica “Lumen Fidei”, cuja escrita foi iniciada por Bento.
             
A Igreja de Francisco é simplicidade. O estilo simples que Bergoglio vive seu cotidiano como Papa chama a atenção de todos. Sua personalidade desapegada, que renunciou as pompas eclesiásticas, as quais por direito ele poderia utilizar como Pontífice Máximo da Santa Igreja, e, ao mesmo tempo a forma com a qual ele se apresenta aos fiéis – “sou o bispo de Roma”, são sinais de que a Igreja, em um contexto maior, deve se reaproximar dos conselhos evangélicos de pobreza, castidade e obediência. O nome escolhido – Francisco – indica uma ligação espiritual com a espiritualidade franciscana, de uma Igreja modesta, humilde, austera, penitente e profundamente próxima dos pobres e sofredores, dos mais simples.     
             
É cedo demais para definir se Francisco será semelhante ao São Francisco de Assis: um reformador da Igreja dentro dela. Porém, é consenso que seu pontificado conduzirá o Catolicismo para um novo tempo de diálogo com o mundo atual e com setores internos da própria Igreja Católica Apostólica Romana. Estamos diante de uma nova época para a história da Igreja?
 


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