sábado, 10 de setembro de 2011

Celebrando a Exaltação da Santa Cruz

Na Cruz com Jesus
Por Marcos Cassiano Dutra

Em setembro a Igreja celebra na liturgia a Solenidade da Exaltação da Santa Cruz. A festa é comemorada no dia 14, data em que se recorda historicamente o resgate das relíquias da Cruz de Cristo, após uma batalha entre o Império Bizantino e os persas, os quais em 611 invadiram os territórios bizantinos e levaram para a Pérsia muitas coisas, dentre elas as relíquias do Santo Madeiro. A vitória do Império Bizantino se deu no ano 629. Resgatadas as relíquias, elas foram solenemente reconduzidas e entronizadas na Terra Santa pelo imperador Heráclio, em Jerusalém, num cortejo triunfal.
           
A Exaltação da Santa Cruz é uma festa celebrativa da cristandade há muito tempo. Além de sua característica épica, possue também um caráter devocional e teológico muito importante, e o qual se desenvolveu ao longo da tradição católica. Quando cada fiel cristão contempla Jesus crucificado em sua cruz, é interpelado a enxergar, no mistério da Paixão, as cruzes da humanidade que estão presentes na realidade.
           
Conta uma bela história que, certa vez um jovem rapaz caminhava nos arredores de Jerusalém a meditar sobre sua vida e seus questionamentos pessoais. Em um determinado momento, ao olhar para o cume de uma alta montanha, percebeu que havia algo diferente na paisagem, era uma cruz. Instigado com aquilo, o moço então começou a caminhar com direção ao local onde se encontrava tal madeiro. Quanto mais ele se aproximava, mais podia notar que havia alguém pregado naquela cruz. Depois de longo e árduo percurso, chegou ao alto da montanha e viu, em sua frente, um homem todo torturado e suspenso na cruz, na cabeça uma coroa espinhosa e com o corpo ensangüentado, uma cena muito chocante.
           
O crucificado não estava morto, ainda vivo, respirando com dificuldade. Perplexo e curioso, o rapaz olhou para o homem pregado e perguntou:
            - Qual o seu nome?Por que te crucificaram?
            O crucificado, com voz mansa, mesmo convalescente disse ao jovem:
            - Meu nome é Jesus de Nazaré. Fui crucificado por causa da maldade de muitos que desumanizam seus irmãos.
            - Como? Você é Jesus? Pelo que sei e aprendi no catecismo, você já ressuscitou, já venceu a inimiga morte e está no céu à direita de Deus Pai. Que fazes então novamente nesta cruz? Desça daí Jesus, a cruz não é o seu lugar!
            Jesus de Nazaré olhou profundamente nos olhos do jovem rapaz dizendo:
            - Caro jovem, está certa sua catequese. Sim, eu ressuscitei dos mortos ao terceiro dia e subi ao céu, onde estou sentado à direita de Deus Pai Todo-poderoso. Porém, continuo no meio de vós em cada homem e mulher deste mundo, principalmente nos mais sofredores da humanidade, com os quais me identifico. Cada vez que um desses é ferido pelas chagas sociais da miséria, da fome, da violência, das guerras, entre tantas causas desumanas, novamente continua e prologa-se na história a minha Paixão e crucificação.
           
Como é difícil para os cristãos de hoje a compreensão do aspecto humano que envolve o mistério da Paixão! Na teologia da cruz de Cristo, está presente a vida oprimida de inúmeras pessoas do mundo todo, gente sofrida, vítimas da maldade humana com as quais Jesus Cristo identificou-se totalmente ao ponto evangélico de exclamar: Eu tive fome, sede, estava nu, doente, encarcerado, peregrino, injuriado, e você cristão, o que me fez? Certa vez, o Beato Papa João Paulo II, venerando em Turim o Santo Sudário, assim disse – “O Sudário recorda ao homem moderno, muitas vezes distraído pelo bem-estar e pelas conquistas tecnológicas, o drama de tantos irmãos que sofrem”. Rezemos a Jesus crucificado. Nós vos adoramos e vos bendizemos Senhor Jesus, porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

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