terça-feira, 20 de setembro de 2011

Evangelho e Mariologia

Maria nas bodas de Caná
Autor: Marcos Cassiano Dutra

Maria, retrato da mulher judaico-cristã que confia em Deus e a Ele dedica toda sua existência. Nossa Senhora é, das mulheres que a Sagrada Escritura (a Bíblia) cita em seus livros, a mais presente na vida do Filho de Deus, por quê? Seria somente por causa de seu parentesco divino, por sua maternidade incomparável? Ou por algo que a tocava profundamente o coração? Ser Mãe de Jesus é uma graça única, todavia ser discípula do Mestre de Nazaré é uma oportunidade especial, ocasião de aprendizagem de toda a riqueza espiritual que Ele trouxe a humanidade; por isso a figura de Maria é uma personagem coadjuvante ao Personagem Maior das Narrativas evangélicas. É isso que João recorda em seu evangelho no capítulo 2, versículos de 1-11.
O capítulo segundo, do evangelho explicado por João, fala a respeito de uma ocasião festiva na região da Galiléia, exatamente uma bodas, isto é, uma festa de casamento. Os casamentos dentro da cultura judaica eram celebrações muito significativas na vida das famílias, por isso eram grandes as festas, regadas a fartura, principalmente o vinho, bebida mais popular daquela época. Eis que foram certamente convidados para o casamento Maria e Jesus, bem como os discípulos dele. Certamente havia algum grau de proximidade entre a família de Jesus com as famílias que estavam festejando o casamento de seus membros, por isso estavam ambos (Jesus e Maria) presentes. A festa seguia seu ritmo normal, até que em determinado momento acaba o vinho. Alguém deve ter comentado isso com Maria, a qual pode ser que estivesse ajudando na cozinha durante a festança. Maria, mulher de oração e ação, logo intui e vai até seu Filho pedir que Ele faça alguma coisa em favor daquele novo casal. Deixar os convidados sem vinho seria muito feio, e a alegria da festa se tornaria em vergonha e decepção.
A resposta de Jesus, muitos a conhecem: “Mulher, por que dizes isso a mim? Minha hora ainda não chegou”. Jesus está ciente de que sua hora é a hora da redenção, a hora da cruz. Chama sua mãe de mulher, palavra respeitosa muito utilizada pelos judeus, assim como hoje se utiliza a palavra senhora para se dirigir a uma mulher com tom de respeito. Maria não faz outra coisa a não ser confiar no Mestre de Nazaré – “Fazei tudo o que ele vos disser”. Diante de tamanha confiança depositada por Maria, Jesus não nega seu pedido intercessor e faz o milagre acontecer: transforma a água em vinho. O final da história é conhecido por todos, entretanto jamais se deve esquecer a beleza que envolve a atitude de Maria nessa passagem do evangelho joanino.
Nossa Senhora não fica passiva frente ao problema da falta de vinho, ela, de prontidão, vai à busca de uma solução, e a encontra na pessoa de Jesus Cristo. Em nossa vida, tantas vezes falta-nos o bom vinho da motivação, da esperança, da responsabilidade, do amor, do companheirismo, da amizade, da paciência, da fortaleza, da fé, da caridade... Vários são os vinhos bons que devem estar presentes em nossa adega cristã, sem eles a festa da vida fica sem sabor, sem alegria, sem horizonte. É preciso ir ao encontro de Jesus, Ele não fará mágica, mas milagre. Milagre no sentido de que nos ajudará a novamente encher as nossas talhas, inicialmente com a água que parece estranha ao nosso olhar, contudo se tornará vinho. Da água Jesus consegue tirar vinho. Dos nossos problemas conseguimos tirar também soluções e aprendizados.
Maria, nas bodas de Caná, nos ensina a perseverar diante dos desafios que questionam nossa capacidade de lidar com os problemas da vida. A receita que ela nos passa é está: façam tudo o que Jesus disser. O segredo para não faltar mais o vinho é fazer a vontade de Cristo, é viver sua proposta evangélica em nossos gestos, palavras e ações. Eis a mensagem das bodas de Caná.

Nenhum comentário:

Postar um comentário