sexta-feira, 16 de novembro de 2012

O dom da alegria por meio da fé



Teologia da alegria
Por Marcos Cassiano Dutra



A alegria é uma manifestação natural dos sentimentos humanos, é o efeito bonito e saudável da causa chamada felicidade. Quem é feliz vive distribuindo sorrisos e espalhando alegria por onde passa. Nesse aspecto, a alegria é expressão do bem, do amor, da paz e do próprio Deus, que deseja a felicidade de seus filhos e filhas.
             
A Sagrada Escritura é um convite a alegria. No anúncio do nascimento de Jesus, o Anjo Gabriel, enviado por Deus, entra na casa da moça de Nazaré e a saúda de maneira celestial – “Alegra-te, ó cheia de graça, o Senhor é contigo”. Em Maria, todos somos destinatários privilegiados de tal divina saudação. Nesse trecho, extraído do Evangelho segundo Lucas, a alegria é sinal de bênção e da presença de Deus. Aqueles e aquelas que são cheios de graça, são os portadores das alegrias oriundas do mistério de Deus, presente no meio de seu povo, por meio de Jesus humanado. Ser alegre, para São Lucas evangelista, é ser tal qual Maria – morada do Verbo de Deus encarnado. É ser templo vivo onde habita o sagrado. (Lc 1, 26-38).  
             
No Magnificat, Nossa Senhora entoa solenemente: “Meu espírito se alegra em Deus meu Salvador”. A alegria da mãe do Redentor é fruto da ação de Deus na história. Deus que, como narra São Lucas, olha para a humildade de sua serva; faz grandes coisas por que é santo e misericordioso; por que é poderoso e justo ao derrubar os poderosos e elevar os humildes, saciando os empobrecidos e esvaziando os cofres dos que concentram a riqueza. Por que é socorro misericordioso de seu povo, com o qual estabeleceu desde antigamente, uma aliança (Lc 1, 46-58).
             
O Magnificat é um hino de ação de graças, de alegria, que nasce e floresce no desenvolver-se do reino de Deus. Maria torna-se porta-voz desse reinado sagrado, ao proclamar as alegrias do reino na fraternidade evangélica que paulatinamente vai acontecendo na história do homem em Cristo, nosso Senhor.
             
Outra via da alegria são as Bem-Aventuranças. Bem-Aventurado significa feliz. A felicidade do reino de Deus está presente naqueles que são pobres, nos que passam fome, nos que choram e naqueles que são perseguidos e odiados por causa do Filho de Deus. A alegria cristã não se fundamenta no esbanjamento dos bens e dos alimentos, muito menos na ironia e na falsidade. Felizes, Bem-Aventurados, os que na pobreza não desanimam e desistem de lutar por seus direitos à vida digna e alimentação, bem como os que choram não em vão, mas por que têm compaixão dos sofredores e os que corajosamente dão suas vidas pela fé no Crucificado-Ressuscitado! 
             
As Bem-Aventuranças são o reflexo da alegria divina que se torna profecia de esperança na vida dos que caminham nesse percurso de santidade (Lc 6, 17-26).
             
A teologia da alegria, presente no Evangelho de São Lucas, é a teologia da confiança, do compromisso e da esperança. Três aspectos importantes para se alcançar a verdadeira alegria, que nasce da felicidade de mergulhar a vida inteira no mistério sagrado da Santíssima Trindade.
 

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