O VATICANO II E A ELEIÇÃO DO NOVO PAPA
Por Marcos Cassiano Dutra
Com a
definição da data para o início do conclave em 12 de março, que elegerá o
sucessor de Bento XVI (Papa emérito), a Igreja e o mundo aguardam com esperança
e curiosidade o célebre anúncio do "Habemus Papam!" Diante desse
momento-chave na história contemporânea da Igreja, é pertinente recordar o
maior evento eclesial do catolicismo no século passado - O Concílio Ecumênico
Vaticano II, haja vista que a mídia em geral vem utilizando-se desse concílio
de forma a deturpar sua intencionalidade teológico-pastoral para legitimar
especulações falaciosas e demagógicas acerca da Hierarquia Apostólica.
Fala-se tanto
em modernização da Igreja que mais parece um carnaval de opiniões caricaturadas
de "interesse" pela barca de São Pedro, quando não! É mero
oportunismo jornalístico, utilizando-se de certas problemáticas internas da
Igreja para expô-la ao ridículo perante o mundo globalizado.
Todavia os
problemas não são o fim e sim ocasiões da limitação humana necessitada da graça
de Deus e da sabedoria do Espírito Santo para resolvê-los da melhor forma
possível. Por isso a eleição do novo Romano Pontífice é importante e a renúncia
de Bento XVI providencial, ambos sinais de amor pelo Rebanho do Senhor.
Modernizar
deriva de duas palavras latinas: modus/modo e hodierno/hoje, quer dizer, o modo
de hoje, algo que João XXIII exclamava ao dizer: "aggiornare la
chiesa!" - Atualizar a Igreja. E isso, sem sombra de dúvidas, o Vaticano
II conseguiu com seus magníficos 16 documentos conciliares (4 constituições, 9
decretos e 3 declarações), feito que se deve a coragem apostólica do Beato Papa
João e a inteligência equilibrada do Servo de Deus Paulo VI, bem como da
capacidade comunicativa de João Paulo II e da coerência teológica de Ratzinger (Bento
XVI), o qual foi um dos mentores intelectuais desse concílio e levou a cabo tal
aggiornamento, quer como teólogo, como Pontífice em seus quase 8 anos de
papado.
Modernizar a
Igreja não é romper com sua história e tradição, frutos não do esforço humano,
mas da iniciativa sagrada que a quis e erigiu em Jesus Cristo nos
Santos Apóstolos.
Claramente que
50 anos depois da abertura solene do Vaticano II, vivemos uma época de síntese
desse concílio e também de análise para prosseguir sua implementação, pois as
mudanças eclesiais e pastorais que ele intui não acontecem da noite para o dia,
precisam de tempo e de amadurecimento, essa é a missão do próximo Papa: levar
adiante a barca de Cristo confiada a Pedro, dentro das propostas do Vaticano
II.
O Vaticano II
não foi um concílio da ruptura! Quem o pensa dessa forma comete equívocos! O
Vaticano II é o concílio da reforma na continuidade. Essa é a hermenêutica
correta, que já em 1985 o Sínodo dos Bispos em Roma junto ao Papa Wojtyla
concluía.
Enquanto aguardamos
a eleição do novo Pontífice, olhemos com fé para a história desta Igreja que
somos, confiando na esperança pascal de Cristo sempre presente junto a seu povo
e seus sagrados pastores e rezemos para que no voto dos Cardeais o Espírito
Santo escolha aquele que segundo a vontade de Deus é o escolhido para pastorear
seu Rebanho daqui em diante.
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