Consumismo, ano novo e os cristãos
O ser humano como ser econômico-social
Por Marcos Cassiano Dutra
O consumismo é o motor da
atividade econômica que permite a manutenção do capital. Porém, para se
consumir é preciso ter recurso material. Sem dinheiro não se consome. O
dinheiro é o instrumento simbólico de valoração dos produtos, do acesso a eles
e da classificação social (sou rico, sou pobre).
Guiado
por esses raciocínios (critérios) econômicos, a sociedade capitalista se mantém
e subsiste, concentrando nas mãos e para o capricho de poucos a riqueza e a
qualidade material de vida, pois as mercadorias vão para aqueles que têm maior
poder aquisitivo e podem pagar, a peso de ouro, tudo que seus sonhos de consumo
desejar...
Enquanto
um cachorrinho de um milionário come e bebe de tudo, o filho de uma mulher nas
áreas mais miseráveis do Continente Africano e do Nordeste brasileiro, vive
morrendo de fome e sede sem o mínimo necessário para viver e desenvolver-se.
Na
lógica dos critérios econômicos, se humaniza o cachorro e se animaliza o ser
humano, tornando-o uma cobaia da mais desumana experiência do laboratório
capitalista: o empobrecimento, a marginalização, a fome, a morte do homem pelo
próprio homem...
Ao
iniciar um novo ano, um novo tempo que se descortina na história da humanidade,
é oportuno fazer tal exame de consciência, ainda mais quando se fala tanto em
desenvolvimento sustentável, se protege tanto a floresta e os rios, os animais
e em contrapartida de descaracteriza o ser humano, esquecido nas favelas das
metrópoles e nos casebres do sertão, dormindo nas palhas de milho ou nas frias
calçadas das avenidas.
A
sustentabilidade também perpassa a esfera da igualdade social no quesito
econômico. As democracias ocidentais carecem dessa visão antropológica. A
ideologia de mercado fere a dignidade humana e aliena, com cifras e vitrines,
os olhos que não são capazes de enxergar a miséria, que acompanha diariamente a
vida oprimida de quem é impedido de viver como gente.
Fica
a pergunta que não quer se calar – Onde está a cidadania? O que é o ser humano?
Um mero ser econômico? E os cristãos, que tanto pregam a partilha e o amor incondicional,
onde estão os que acreditam naquele Jesus de Nazaré que disse: “Estive com
fome, sede, doente, preso, nu, estrangeiro, e vos pedi ajuda”? Cadê a vida em
plenitude que o Evangelho muito exorta e enfatiza? O Ocidente cristão carece de
cristianismo, dado que sua “religiosidade” hodierna é o capitalismo.
O
novo ano só será feliz quando a demagogia for superada e a esperança
concretizada!
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