quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

A sociedade capitalista e o Cristianismo

Consumismo, ano novo e os cristãos
 O ser humano como ser econômico-social
Por Marcos Cassiano Dutra

 
O consumismo é o motor da atividade econômica que permite a manutenção do capital. Porém, para se consumir é preciso ter recurso material. Sem dinheiro não se consome. O dinheiro é o instrumento simbólico de valoração dos produtos, do acesso a eles e da classificação social (sou rico, sou pobre).

            Guiado por esses raciocínios (critérios) econômicos, a sociedade capitalista se mantém e subsiste, concentrando nas mãos e para o capricho de poucos a riqueza e a qualidade material de vida, pois as mercadorias vão para aqueles que têm maior poder aquisitivo e podem pagar, a peso de ouro, tudo que seus sonhos de consumo desejar...

            Enquanto um cachorrinho de um milionário come e bebe de tudo, o filho de uma mulher nas áreas mais miseráveis do Continente Africano e do Nordeste brasileiro, vive morrendo de fome e sede sem o mínimo necessário para viver e desenvolver-se.

            Na lógica dos critérios econômicos, se humaniza o cachorro e se animaliza o ser humano, tornando-o uma cobaia da mais desumana experiência do laboratório capitalista: o empobrecimento, a marginalização, a fome, a morte do homem pelo próprio homem...  

            Ao iniciar um novo ano, um novo tempo que se descortina na história da humanidade, é oportuno fazer tal exame de consciência, ainda mais quando se fala tanto em desenvolvimento sustentável, se protege tanto a floresta e os rios, os animais e em contrapartida de descaracteriza o ser humano, esquecido nas favelas das metrópoles e nos casebres do sertão, dormindo nas palhas de milho ou nas frias calçadas das avenidas.

            A sustentabilidade também perpassa a esfera da igualdade social no quesito econômico. As democracias ocidentais carecem dessa visão antropológica. A ideologia de mercado fere a dignidade humana e aliena, com cifras e vitrines, os olhos que não são capazes de enxergar a miséria, que acompanha diariamente a vida oprimida de quem é impedido de viver como gente. 

            Fica a pergunta que não quer se calar – Onde está a cidadania? O que é o ser humano? Um mero ser econômico? E os cristãos, que tanto pregam a partilha e o amor incondicional, onde estão os que acreditam naquele Jesus de Nazaré que disse: “Estive com fome, sede, doente, preso, nu, estrangeiro, e vos pedi ajuda”? Cadê a vida em plenitude que o Evangelho muito exorta e enfatiza? O Ocidente cristão carece de cristianismo, dado que sua “religiosidade” hodierna é o capitalismo. 

            O novo ano só será feliz quando a demagogia for superada e a esperança concretizada!

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