Eclesiologia da Igreja
Refletindo os eixos-chave da
origem da Igreja
Por Marcos Cassiano Dutra
Introdução
Carisma e poder, comunhão e missão.
São esses os 4 elementos eclesiais que dão sustentabilidade temporal à Igreja
Militante, claramente a Igreja é um mistério sagrado e trinitário, conforme
explicita a Lumen Gentium[1] ao
dizer que a Igreja é, “querida pelo Pai, fundada pelo Filho e santificada no
Espírito Santo”, e também é povo de Deus, povo sacerdotal, congregado em nome
da Trindade. Todavia, para que esse caráter trinitário e comunitário da Igreja,
que é uma hierarquia de dons e carismas, se estabeleça de forma evangélica,
necessita-se desses 4 elementos eclesiais, tal qual a natureza necessita, em
sua física, da terra, água, ar e fogo para assim se fazer a vida dos seres
vivos e do próprio planeta acontecer.
Carisma, poder, comunhão e missão
Os 4 elementos eclesiais são a força
que nasce da natureza divina da Igreja, que é Una, Santa, Católica e
Apostólica. Força que traz consigo a vitalidade fideística para a comunidade de
fé dos discípulos de Jesus Cristo. É equivocado pensar a Igreja sem essa
interação entre carisma, poder, comunhão e missão.
O carisma corresponde à inspiração
fundante que fez com que a Igreja existisse, logo é o espírito jesuânico,
apostólico, comunitário, evangélico, que formam a identidade eclesiástica. Ao
poder refere-se à maneira organizacional da Igreja enquanto instituição divina,
por ser um mistério, mas também humana, por contar com pessoas chamadas a
pastorear o Rebanho do Senhor como Sagrados Pastores, exercendo a paternidade e
a pastoralidade de Cristo para o bem da Santa Igreja, ou seja, o poder do Bom
Pastor.
A comunhão é a unidade que deve
haver entre os membros do Corpo Místico de Cristo (a Igreja), unidade na
diversidade de dons e carismas, como exorta São Paulo em uma de suas
pertinentes cartas apostólicas. Sem unidade, sem comunhão, é impossível agir no
mundo em nome de Cristo, ou seja, ser cristão, isto é, dar testemunho da fé em
Cristo, pilar que constitui a evangelização, a missão. Missão só acontece
quando há a união dos membros em prol da causa essencial do agir da Igreja, o
reino de Deus, do qual ela é um instrumento, um sacramento de salvação na
humanidade, dado que a Igreja não é o Reino, mas é sinal e servidora do Reino. Realizando
esse serviço ao reino, dentro do seguimento de Jesus.
A fé como base para os 4 elementos
eclesiais
A Igreja nasce da fé, da fé na
ressurreição, da fé no Ressuscitado. Verdade misteriosa e sagrada transmitida
ao longo dos séculos pelos discípulos de Cristo, zelada pelos Santos Apóstolos
e depois deles por seus sucessores, os Bispos, numa unidade doutrinal que
conferiu a Igreja sua consolidação, na história do homem, como sinal da
presença de Cristo junto às pessoas no caminho terrestre para a porfia celeste.
Por isso se diz que a Igreja é um sacramento, por que ela é um sinal sagrado,
que realiza aquilo que ela significa: unicidade, catolicidade, apostolicidade e
santidade, pilares que a fazem permanecer fiel a sua identidade ao longo da
história em qualquer tempo e lugar.
É Santa, não em virtude de seus membros,
e sim em virtude de sua pertença a Deus, que a santifica e com ela faz uma
aliança no Sangue do Divino Cordeiro Jesus, em seu povo eleito, que formam a
comunidade dos fiéis, tendo Cristo como centro e a Trindade como
referência.
Conclusão
Ao celebrar-se o Ano da Fé, é
interessante e oportuno estudar e discutir sobre essas questões que compõem a
eclesiologia, sempre em espírito de oração, rezando com piedade, antes de
iniciar a pesquisa e o estudo, a oração belíssima do Símbolo Apostólico (o Creio),
recordando sempre das belas palavras de Santo Agostinho - "Amai a esta
Igreja, permanecei nesta Igreja, é de vocês esta Igreja." Ninguém pode
amar concretamente aquilo que não conhece, conhecendo a esposa de Cristo certamente
o amor brotará no coração dos que pela fé acreditam Nele se congregam nessa certeza
da Igreja, a qual é excelsa guardiã do “Depositum Fidei”[2].
[1]
Constituição Dogmática sobre a Igreja (Concílio Ecumênico Vaticano II)
[2] Depósito
da Fé: Sagrada Escritura, Sagrada Tradição e o Magistério da Igreja.
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